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A carta que nunca te escrevi

To my wife – 28 de Maio de 1989 – 28 de Maio de 2020 – 31 anos depois
E a todos aqueles para quem uma relação é sinónimo de respeito e amor.

Sabes meu amor,
Primeiro foi aquela grande paixão,
Aquele sentimento forte e com dor,
Certezas umas vezes, outras não,
Persistente e a persistência não foi em vão,
E com o tempo, o tempo me deu razão.

Longe vão os tempos,
Em que tudo era uma inocente ilusão,
E envoltos nessa ilusão tivemos bons momentos
Que a vida e os sonhos nos dão,
E esses sonhos o que são,
Se não a esperança a dar-nos a mão.

Estava certo o padre que nos casou,
Quando do ramo de rosas que nas mãos levavas,
Fez um sermão acerca do amor que nos juntou,
E comparando a vida às rosas no teu regaço pousadas,
Da vida com que juntos traçávamos nossos caminhos,
Ao bonito ramo de rosas, só lhe faltavam os espinhos.

Ninguém como nós sentiu tanto na pele,
O significado destas palavras que nos foram ditas,
Foi-nos amarga por vezes a vida, tão amarga como fel,
Mas das derrotas soubemos fazer as nossas conquistas,
E dos espinhos com que a vida nos dificultou o caminho,
Soubemos ultrapassá-los, unidos pelo amor e o carinho.

Às vezes apetecia-me pegar no mundo,
E oferecer-to como uma prenda,
Como símbolo do meu amor profundo,
Qual adolescente sem cura, nem emenda,
Mas esse mundo que eu gostaria de te oferecer,
Já tu nele vives, e sem ti, como poderia eu viver.

É tão curta esta vida,
Para todo o amor que tenho para te oferecer,
Mas os caminhos que juntos percorremos, minha querida,
Sem ti na minha vida, como os poderia eu percorrer,
Se neles ao deixarmos a marca dos nossos passos,
Amor, é muito mais do que apenas sexo, beijos e abraços.

Amor, quando tudo à nossa volta parecia ruir,
Demos as mãos e juntos seguimos em frente,
Amor, quando a dor que um está a sentir,
É porque o outro está triste ou doente,
Amor, quando um tem algo a dizer ou discutir,
O outro cala-se, senta-se, e está disposto a ouvir.

Amor, quando os nossos feitios tão diferentes,
Por vezes chocam nas opiniões que quase sempre divergem,
E mesmo assim os nossos amuos, nunca consistentes,
Pelo respeito que um pelo outro temos, desvanecem.
Amor, quando por vezes a tristeza que te consome e devora,
Obscurece a minha alma, e o meu coração chora.

Fizemos uma promessa com Deus como testemunha,
Que nos amaríamos até que a morte nos viesse separar,
E perante essa promessa que Ele nos dispunha,
Juramos fidelidade pelo tempo que a nossa vida durar.
Na saúde e na doença, na tristeza e na alegria,
Unidos pelo amor, seremos um só, no nascer de cada dia.

Possivelmente Poemas
António Magalhães

 

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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