Vivemos um momento histórico.
Assume-se pela primeira vez desde que me lembro que a Cultura no regime capitalista é veiculada pela publicidade.
O Partido Socialista (a partir de proposta do Bloco de Esquerda) transformou o Ministério da Cultura no Ministério da Propaganda Nacional.
O mal não está em apoiar os média com 15 milhões de euros. Precisamos de uma imprensa livre.
O que é revelador nesta notícia é que os apoios de emergência atribuídos pelo Ministério da Cultura para um tempo de crise são:
– 1 milhão de euros para as Artes: dá para dar 1000€ a mil profissionais das artes. Ou 500€ para 2 mil profissionais. 500€ para três meses?
– 15 milhões de euros para a publicidade;
O Partido Socialista, consciente ou inconscientemente, compreende que no regime em que vivemos, a Cultura é a Publicidade.
No capitalismo, os poetas escrevem campanhas, os músicos compõem jingles, os diretores de fotografia e assistentes de imagem filmam anúncios, os atores fazem de pessoas felizes em casa a comer manteiga.
Tal como na idade média a cultura popular era moldada pela pintura e música nas igrejas; tal como nos regimes totalitários a cultura era moldada pela propaganda do Estado; no capitalismo a Cultura é a Publicidade.
Na democracia, eu acredito que a Cultura deveria ser a Arte. Arte livre.
Mas ainda não chegámos à democracia.
Mas há esperança: o Ministério da Cultura só atribui subsídios a coisas que estão em risco de desaparecer.