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Carnaval de Ovar sob o signo das mentiras

O grande corso do Carnaval de Ovar arrancou domingo com dezenas de pinóquios aos quais as mentiras faziam crescer o nariz e a verdade aumentava o órgão sexual, no que o grupo “Vampiros” combinou malícia e crítica política.

“Sempre gostámos de desfilar com temas brejeiros e escolhemos o Pinóquio por duas razões”, explicou à Lusa o diretor do grupo, conhecido como “Zé” Maia.

“Quando ele diz mentiras, cresce-lhe o nariz; quando ele se porta bem, cresce-lhe outra coisa mais abaixo”, descreveu.

As marionetas mecânicas criadas pelos 40 elementos do grupo têm essa dupla funcionalidade e passam ainda uma outra mensagem.

“São uma criticazinha também aos nossos políticos, esses grandes mentirosos que nós gostávamos de lixar sexualmente, como eles merecem”, explicou.

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Entre os 2.000 figurantes que hoje à tarde desfilam pela Avenida Sá Carneiro, outra mensagem de duplo sentido foi “#aimarchavasmarchavas”, que serviu de tema ao grupo “Pindéricus”, constituído por 61 homens e este ano alargado a 21 músicos da banda filarmónica Boa União, que atuou ao vivo no carro alegórico.

“Inspirámo-nos nas marchas de Lisboa e das festas de Santa Eufémia”, revelou Filipe Gonçalves, delegado do grupo e “maestro de serviço” na direção musical.

“Mas como metade dos nossos elementos vai vestida de homem e a outra metade vai de mulher, o título também serve para o ‘flirt’ entre eles e elas, a ver quem se deixa marchar”, admitiu.

Já entre os “Garimpeiros”, não há divisões na indumentária. “Somos 52 e vamos todos vestidos de ‘drag queens'”, afirmou Renato Oliveira, presidente do grupo que, este ano, adotou para o corso o tema “Sair do Armário”.

Nessa escolha “não há nenhuma mensagem pedagógica especial”, até porque todos os elementos do grupo “são muito liberais e estão perfeitamente à vontade com a temática homossexual”, mas o travestismo foi uma opção que lhes permitiu “brincar com luz e ‘glamour’”, usufruindo efetivamente de todo o potencial do guarda-roupa feminino.

Esses homens feitos sujeitaram-se assim a uma esmerada maquilhagem por profissionais, deixaram-se deslizar para dentro de “bodies” justinhos nas seis cores da emblemática bandeira LGBT e exibiram pernas “totalmente depiladas, com um daqueles cremes que não faz doer nada”, contou.

Para o final de coreografia, estava ainda reservada uma surpresa: “Transformamo-nos todos na Beyoncé, a dançar o ‘Single Lady'”.

Os principais desfiles do Carnaval de Ovar envolvem 24 grupos carnavalescos e escolas de samba. Para além do cortejo desta tarde, a programação do evento integra diversas outras atividades, sendo que, nos próximos dias, o destaque vai para a Noite Mágica, que segunda-feira à noite transforma o centro da cidade numa festa com vários polos de música e dança, e para o Grande Corso Carnavalesco, a realizar na terça-feira à tarde.

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(Fotografias de Claudio Oliveira)

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