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Universidade de Turim dedica o dia a Herberto Helder

O Congresso Internacional Herberto Helder, “homenagem italiana a um dos maiores poetas da segunda metade do século XX”, realiza-se esta sexta-feira, em Turim, por iniciativa da universidade local, quando passam três anos sobre a morte do poeta.

O congresso “Photomatica & Voltaica”, organizado pela secção de estudos portugueses do Departamento de Línguas Estrangeiras e Cultura Moderna da Universidade dos Estudos de Turim, com apoio do instituto Camões, reúne investigadores europeus, oriundos de universidades portuguesas, francesas, holandesas e italianas.

A iniciativa recupera igualmente a curta-metragem “Esta Terra não existe”, do arquiteto Leopoldo Criner y Dintel, inspirada no poema de Herberto Helder, que foi apresentada no II Festival de Cinema Amador de Lobito, em Angola, em 1972.

A produção do filme e a sua exibição são retomadas numa das passagens de “Photomaton & Vox”, obra de 1979 do escritor, que tem agora a primeira edição italiana, sendo apresentada em Turim, a par do número especial da revista Submarino, dedicado ao poeta.

Entre os participantes anunciados encontram-se os professores Francesco Panero, Orietta Abbati e Antonio Fournier, de Turim, Manuel Frias Martins, da Universidade de Lisboa, Daniel Rodrigues, da Universidade Blaise Pascal, em França, Paulo de Medeiros, da Universidade de Warwick, no Reino Unido, Lilian Jacoto, de São Paulo, Brasil, e o professor e poeta Luís Quintais, da Universidade de Coimbra.

Em 2016, um ano após a morte do escritor, Funchal acolheu o Congresso Internacional “Herberto Helder – A vida inteira para fundar um poema”.

Herberto Helder morreu na noite de 23 para 24 de março de 2015, na sua casa, em Cascais, e é recordado pelo meio literário como o “mago da palavra”, poeta “vulcânico” que se remeteu ao silêncio, mas cuja obra deixou marcas na literatura portuguesa.

Discreto, avesso ao lado mais mundano da vida literária, sobreviveram-lhe mais de 50 obras, sobretudo de poesia, que o inscrevem no reservado espaço dos maiores poetas de língua portuguesa, como destacaram os seus pares.

Herberto Helder foi um “mago da palavra” que “tirou magia em tudo que tocava”, afirmou, no dia da morte do poeta, o catedrático de Literatura Arnaldo Saraiva.

Nascido na Madeira, em 1930, viveu quase sempre na região de Lisboa, desde a adolescência, teve vários ofícios – operário, repórter de guerra, editor, empacotador, bibliotecário – mas o da escrita foi o mais constante, desde que publicou o primeiro livro, “O Amor em visita”, há 60 anos, em 1958.

O crítico Pedro Mexia identificou-lhe uma apropriação da palavra sem desconfianças, ironias ou cinismos e considerou-o, por essa força verbal, o maior poeta da segunda metade do século XX, tal como Fernando Pessoa o foi no começo daquele século.

Herberto Helder deu a última entrevista em 1968, recusou o Prémio Pessoa em 1994, e editou, em 2014, o livro “A morte sem mestre”.

Após a sua morte, foi publicado o último livro organizado pelo autor, “Poemas canhotos”, a que se seguiu, um ano depois, “Letra Aberta”, com inéditos do autor, elogio ao “ferocíssimo esplendor” do poema.

A Porto Editora anunciou para este ano a publicação de “Em Minúsculas”, coletânea de crónicas e reportagens realizadas pelo poeta, em Angola.

Herberto Helder foi “um mestre” para outros escritores, disse o poeta Nuno Júdice, no dia da morte do autor de “Passos em Volta” e “A Cabeça entre As Mãos”.

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