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Um verdadeiro papel para a CCPL

A CCPL não foi criada para organizar a comunidade portuguesa no Luxemburgo. Os portugueses, ao longo dos tempos, sempre souberam, e continuam a saber, por si só organizar-se. A prova é o ressurgimento atual do movimento associativo, que não é mais do que uma forma natural de organização de grupos significativos de pessoas que passaram a residir num país de acolhimento.

São necessárias estratégias que se traduzam na implementação de espaços de solidariedade, na procura de situações de proximidade para fomentar convivência e relações de intercomunicação entre quem tenha valores e interesses idênticos e que os pretenda partilhar reforçando os laços entre compatriotas.

O movimento associativo atual

O movimento associativo português no Luxemburgo cobre praticamente todas as áreas: desporto, cultura, juventude, infância, formação profissional, lazer, gastronomia, literatura, teatro, saúde, etc., tendo um impacto positivo na vida da comunidade portuguesa.

Grande parte das associações não têm autonomia financeira e só funcionam graças à força voluntária dos seus membros e a alguns apoios de parceiros.

Por isso é hora de reflexão. O associativismo também deve ser encarado como património pois é embaixador de Portugal no mundo e no Luxemburgo isto não é exceção.

O associativismo evoluiu, apresenta uma nova realidade, tem novas ambições, mas também continua a defrontar-se com problemas velhos e novos.

As associações são especialistas nas mais diversas áreas a que se dedicam; elas conhecem a realidade do terreno em que operam melhor do que ninguém. São motores vivos de sabedoria e experiência. A comunidade portuguesa tem por si só uma dinâmica de desenvolvimento que só precisa de ajuda, de apoio, de incentivo para melhor se estruturar e ter mais influência social, económica e política.

O futuro do associativismo e o papel da CCPL

É aqui que a CCPL tem o seu papel, que é fundamental enquanto Confederação. É necessário dar resposta aos anseios e projetos das associações, catalisar interesses dos seus associados e promover a ligação entre eles.

É preciso combater o isolamento das associações que se encontram de costas voltadas entre si e procurar estratégias de interação.

Compete à CCPL criar um espaço de solidariedade e confiança para promover o diálogo e a proximidade. Compete à CCPL ir ao encontro daqueles que até agora desconfiaram da Confederação e que se mantiveram afastados.

Por outro lado, ainda existem no Luxemburgo muitos grupos instituídos mas que não são associações do ponto de vista jurídico. É preciso que essas associações informais se transformem em estruturas permanentes, devidamente registadas, com estatutos adequados à acção que desenvolvem e não estatutos jurídicos copiados de modelos. Estes grupos de portugueses necessitam de órgãos bem definidos (assembleia geral, direcção, etc.) e programas de atuação específicos.

A CCPL deve criar os meios e as estruturas para dar satisfação a estas necessidades concretas.

CCPL: proximidade e responsabilidade

A CCPL tem de prestar um serviço público de apoio ao associativismo, incentivando e estimulando atividades que tenham por finalidade um trabalho de proximidade e estreita articulação com as associações. Tem de trabalhar com instrumentos que confiram rigor, transparência e responsabilidade na gestão, com base em critérios de análise corretos.

É o papel da CCPL colocar em evidência as associações e dar-lhes destaque, deixando a cada associação a liberdade de prosseguir os seus próprios objetivos.

O grande desafio é criar o equilíbrio entre a individualidade de cada associação, as suas necessidades próprias de interacção e os interesses da comunidade portuguesa pela qual deve velar a CCPL. Mas a Confederação só deve intervir até onde possa fazer melhor do que os seus membros.

É preciso valorizar o grande potencial do associativismo no Luxemburgo e ajudar a dar corpo a projetos. Relançar a criatividade do povo português sem nunca deixar de valorizar a componente tradicional mas, de uma forma moderna e apelativa de acordo com o tempo no qual vivemos.

Existem muitas vantagens em trabalhar em conjunto. Expandir contactos, ampliar visões, mas sempre com o cuidado de agir com imparcialidade.

Mudar porquê e para quê?

A promoção da discussão e o confronto de ideias só pode resultar em mudança. É bom mudar! Mudar aquilo que deixou de fazer sentido; mudar o que está errado.

O somatório de experiências isoladas e o seu intercâmbio conduzirá à transformação da nossa afirmação no mundo mas também nos pequenos mundos que nos rodeiam. Por isso é necessário uma CCPL voltada para as pessoas, que contribua para dinamizar as associações e ajudá-las na implementação dos seus projetos. Uma CCPL que intervenha em diversas áreas, da formação à proteção dos excluídos, da cultura à preservação do meio ambiente, do cinema ao folclore, do norte ao sul e de leste a oeste do Luxemburgo. Uma CCPL que reconheça que é salutar que o movimento associativo se encontre disperso pelo país, pois só assim se promove a representação da comunidade no espaço luxemburguês.

É hora de dar um impacto positivo à vida da comunidade.

É hora de aproveitar a grande força voluntária da comunidade portuguesa do Luxemburgo e contar com o apoio de todos os parceiros.

É hora de conquistar novas parcerias.

É hora de transformar a CCPL no centro de acolhimento das associações portuguesas no Luxemburgo e valorizar as pessoas com trabalha.

É hora de rasgar fronteiras e trabalhar com a Grande Região.

É hora de incrementar sinergias na prossecução de iniciativas, dinamizando o legado cultural português.

É hora de transformar a CCPL num espaço privilegiado da comunidade portuguesa e de representação deste extraordinário potencial. É esse o papel da CCPL!

É hora de juntar recursos humanos, materiais e financeiros, e “arregaçar as mangas”!

Liliana Bento

 

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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