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Um tuga no Togo

Entre o Gana, Benim e Burkina Faso existe um dos países mais pequenos de África. 
O Togo.

Obter um visto na fronteira para este país é relativamente fácil. 
Sorte ou não, pago 12 euros, enquanto um espanhol pagou 70 euros na embaixada em Acra, capital do Gana.

Acabo por entrar no mesmo dia, ao passo que algumas pessoas estão já há alguns dias na fronteira para poderem entrar.
 Mas África é mesmo isto. Uma incógnita inopinada a cada instante, onde o impossível é uma mera miragem.
Passo a fronteira e há um sujeito que me segue metendo conversa.

Não liguei nenhuma sabendo à partida que este só queria dinheiro. Eu tirava fotos e fazia de conta que ele nem existia. 
Mais à frente levantam uma cancela para eu passar com a bicicleta e ele pede-me imediatamente dinheiro.

Não querendo pagar, começa a implicar por eu ter tirado fotografias. 
Após alguma insistência ríspida e grosseira da parte dele, mandei-o dar uma volta e segui caminho.
 “Estou mesmo na capital do Togo? Lomé é assim? “
Ao invés de outras capitais africanas, esta parece-se mais com uma aldeia. 
Um pequeno povoado rural, composto por uma centena de habitações, situado ao longo da Costa Atlântica. Ruas estreitas de terra batida e muita areia.

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Perdido e à procura de uma pousada, há um rapaz que me quer ajudar.
Disse que era guia e que conhecia tudo em Lomé. Com tantas ruelas sem qualquer nome, tinha-me calhado a sorte grande. Quando perguntava se ele sabia mesmo onde ficava a pousada, ele respondia-me para ter calma, que conhecia Lomé como a palma da mão.
Sem dúvida que tinha arranjado o melhor guia da cidade. Conhecia tão bem a sua própria cidade que tive de sacar o meu livro do Togo para encontrar a pousada.

Pousada encontrada, despeço-me deste sujeito tão peculiar, ficando na dúvida se era mesmo guia ou algum quirologista, por este afirmar que conhecia esta cidade como a palma da mão.
 Depois de um bom banho de água quente e um bom jantar, conheço 2 espanhóis.
 Um mochileiro jovem, que estava a viajar há 2 meses e tinha o mesmo objetivo que eu: Chegar ao Benim.

O outro viajante era um senhor na casa dos 50. Vivia no Burkina Faso e já tinha atravessado África várias vezes. 
Ao contrário do guia, este senhor conhecia África de uma ponta a outra. 
Partilhava as suas aventuras connosco e eu devorava cada momento com entusiasmo, ateando cada vez mais o meu apetite, por descobrir este continente.
 Ao som de cada letra e palavra, os meus ouvidos deliciavam-se com todos os relatos e histórias.

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Na manhã seguinte, vou com o rapaz espanhol à embaixada para tratar do visto. 
Outro desencanto. Terei que esperar 2 dias para me darem o visto. 
Sendo assim, teria algum tempo para descansar os músculos de tanto pedalar e finalmente me aventurar, em transportes públicos por terras africanas. E sim! É mesmo verdade! Ou pagamos os 7 lugares, ou então esperamos que o carro esteja cheio para podermos partir. 
Abarrotado talvez seja o termo mais certo, para uma descrição minuciosa de um transporte público em solo africano. Tempo e paciência eram o que não faltava. 
3 à frente e 4 atrás. 
Um estranho conforto ao qual nos tivemos de habituar.

O próximo destino seria atravessar o lago Togo até chegar a Togoville. 
Num barco completamente cheio transportando todo o tipo de mercadoria, passámos para o outro lado do lago.
 Esta pequena vila que acabou por dar o nome ao país, não tem muito para visitar.
 Uma igreja católica e o mercado.
 Visitar o mercado foi algo de surreal. Havia de tudo à venda. Mas o que me chocou mais, foram bacias repletas de água suja com mau aspeto, para quem tivesse sede.

À vinda, quando chegámos ao outro lado do lago, fomos interpelados por um polícia.
O polícia, tal e qual nós sabemos, é aquela pessoa que tem como função garantir a segurança e a ordem pública.
Em África, para além desta função, ele tem outro papel fundamental, principalmente com os turistas. É a preocupação de vê-lo partir com os bolsos mais leves, facilitando a sua viagem.
Este não fugiu à regra e começou a implicar com tudo, desde o incoerente ao mais absurdo.
 Sempre com um sorriso e com alguma calma, eu dizia sempre o mesmo.
 “Adoro o Togo e as pessoas”.

Passados alguns minutos, ele acabou por desistir.
Apesar de haver alguns dialetos, o francês é a língua predominante neste país.
Percebi a partir daquele momento, que seria mais fácil fazer de conta que não falava a língua, para não proporcionar qualquer tipo de diálogo com as autoridades.
 De volta à pousada, o próximo destino será visitar as cascatas de Kpalimé e o mercado de feitiçaria.

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