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Um português que se bate para poder ficar nos Estados Unidos

Rodrigo Pimentel é um dos cerca de 520 portugueses que correm o risco de serem deportados. O português nasceu nos Açores há 20 anos, mas mudou-se em bebé para os Estados Unidos. Hoje é ativista pelos ‘dreamers’, jovens que, como ele, foram levados para os EUA em criança e agora correm o risco de ser deportados.

Como foi com apenas 10 meses para os EUA, está protegido pelo Deferred Action Childhood Arrival (DACA) desde 2013, mas o presidente Donald Trump terminou o programa e o Congresso tem apenas até março para encontrar uma solução legislativa.

“O DACA permitiu-me ter uma identidade. Pude, finalmente, ter carta de condução, trabalhar de forma legal, e ingressar no ensino superior”, explicou Rodrigo Pimentel à agência Lusa.

Neste momento, o programa protege perto de 800 mil pessoas, conhecidas por ‘dreamers’ (sonhadores). Cerca de 520 são portugueses e correm o risco de ser deportados se não for encontrada uma solução.

Rodrigo cresceu em East Providence, no estado de Rhode Island, ouvindo os pais dizendo que eram ilegais, mas sem perceber o que significava.

Foi apenas quando chegou à adolescência, e viu “os amigos a tirarem a carta, planearem as suas carreiras”, que percebeu que não tinha os mesmos direitos.

Em 2012, a iniciativa de Barack Obama permitiu-lhe tirar a carta e entrar na universidade, onde estuda ciência computacional, mas “não [lhe] deu paz de espírito”.

Rodrigo sabia que a ação executiva de Obama não tinha a força de lei e não conduzia a cidadania (apenas o Congresso tem poder legislativo), e que outro presidente poderia revogar o programa.

Foi isso que Donald Trump prometeu fazer enquanto candidato à Presidência dos EUA e foi isso que fez, já Presidente, em setembro.

“Sem ação, 800 mil ‘dreamers’, incluindo eu, vão perder os seus trabalhos e o seu lugar na América. Vou ser forçado de novo para as sombras da incerteza. Vim para os EUA com dez meses. A América é a minha casa”, diz.

No último ano e meio, Rodrigo deu entrevistas, falou com políticos, escreveu cartas a decisores e publicou artigos de opinião. As suas palavras foram publicadas no diário britânico “The Guardian” e na televisão “Al Jazeera”.

Há duas semanas, viajou com outros 120 ‘dreamers’ de todo o país até Washington para conversar com congressistas e senadores de ambos os partidos.

Rodrigo sabe que tornar público o seu estatuto pode transformá-lo num alvo. Conhece as histórias de ativistas que foram detidos e deportados pelas forças de imigração americanas (ICE) no último ano, mas decidiu falar.

“Percebi que, se não fosse eu, ninguém mais faria o trabalho para criar a mudança social e política que é necessária para continuarmos nos EUA. Mas, para vencermos, temos de ir além do mero ativismo”, diz.

Um dos seus dizeres preferidos é: “Não te queixes, organiza-te”, explica.

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