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Um mergulho inesperado

Com uma diversidade tremenda entre cidades, templos, gastronomia, praias, ilhas ou parques naturais, a Tailândia é sem dúvida alguma um país incrível, proporcionando a qualquer um umas férias de sonho. O primeiro impacto em solo tailandês foi amor à primeira vista e o verbo voltar ressurge a cada despedida. Lugares encantadores e mágicos, onde também os nativos têm uma certa contribuição. A simpatia e amabilidade destes autóctones seduzem qualquer viajante, com os seus sorrisos e boa disposição. Com Portugal no coração e assumindo uma paixão louca pelo meu país, sentia a Tailândia como uma amante que me seduzia a cada passo para um romance proibido.

E assim foi.

Em pleno Oceano Índico, a venustidade das inúmeras ilhas desertas e selvagens pareciam constelações dispersas no mar. A brisa do mar embalava-nos para um outro mundo e o som das ondas, com uma vista panorâmica perfeita, transmitia-nos alguma paz e serenidade.

Após termos visitado a baía Maia, seguimos para outra ilha. À chegada, tivemos uma lisonjeira surpresa. Uma romaria de babuínos jocosos que se divertiam ao longo de toda a costa, e por isso mesmo esta ilha também é conhecida como ilha dos macacos. Por vezes, algumas considerações podem parecer um pouco estranhas ou mesmo descabidas, mas naquele momento invejava aqueles babuínos, por serem gratificados diariamente com aquelas praias inauditas. Depois de um dia, no qual praias e natureza terrestre se conjugaram de uma forma exemplar e perfeita, voltámos a Phuket. Era hora de descansar, pois no dia seguinte iríamos fazer uma outra excursão. Desta feita, pelo Parque Natural de Phang Nga.

Com a lição estudada do dia anterior, decidimos não cair novamente no mesmo erro e fomos num barco mais lento. A passo de caracol, tínhamos todo o tempo do mundo para nos deliciar com paisagens magníficas, ao sabor do vento.

As inúmeras ilhas selvagens no meio do oceano pareciam lágrimas outrora derramadas por uma emoção divina de um deus daimoso, gratificando deste modo qualquer visitante.

Após algumas horas a serpentear as incontáveis ilhas em pleno oceano, era hora de aglutinar alguma adrenalina e aventura. No meio do nada, seguimos viagem a dois, numa canoa com um nativo que remava ao longo de enormes rochas escarpadas. Visitámos algumas grutas e mais uma vez fomos recebidos por alguns macacos que saltavam de rama em rama.

Alguns babuínos pareciam autênticas crianças que se divertiam a saltar dos galhos para o mar.
Certas grutas, com as suas majestosas estalactites, eram bastante imponentes, mas houve uma sobremaneira especial e única.

Num dado momento, a remar dentro de uma caverna, o caminho parecia intransitável. À nossa frente, algumas estalactites e rochas tocavam a água e impossibilitavam a nossa locomoção. Nesse preciso momento, o nosso guia pediu para nos baixarmos ao nível da canoa para que a dita cuja pudesse passar por baixo das rochas. E assim foi durante alguns segundos, até chegarmos a um enorme lago rodeado por enormes rochas clivosas. Toda a selva enraizada nos enormes penhascos à nossa volta era opulenta e exuberante. A sensação de estarmos presos naquele enorme lago, rodeado por enormes rochas escarpadas, era estranha, mas ao mesmo tempo boa. Uma visão perfeita de uma beleza rara e singular ofuscava uma certa claustrofobia por não haver qualquer saída visível.

À vinda para o barco, aconteceu o inesperado. A bravura do mar transmudou o ritmo da nossa canoa, que durante alguns momentos parecia mais um cavalo a galopar por águas bravas. Ao chegar ao barco, o nativo saiu em primeiro e ficou a segurar a canoa para que a minha colega pudesse sair.

Eu tinha ficado para último e quando estava prestes a sair veio uma onda mais forte que virou a canoa, inclusive a mim. Foi tudo tão rápido e repentino que não me recordo de nada.

Só me lembro de sentir uma mão a puxar-me imediatamente da água.

Alguns viajantes ficaram preocupados com o sucedido mas quando perceberam que estava tudo bem começaram todos às gargalhadas.

A minha sorte é que eu já não tinha a máquina fotográfica na minha posse, senão não teria achado qualquer tipo de piada. E assim foi a minha despedida pela costa de Andaman, um mergulho inesperado sem qualquer custo adicional, em pleno Oceano Índico.

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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