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Última vistoria, nada pertinente, ao ano que agora se fina

“E o cego fez a vistoria ao ano que agora finda e nada viu. Apenas ouviu o ano a gemer de dor lancinante de tanto sofrimento nele vivido. E chorou!

Livro do Triste Destino Português

Todos os anos é a mesma coisa: chega o dia 31 de Dezembro e o que é que acontece? Pimba! O ano parece que está bem de saúde, a festejar com os amigos e tal, a comer e a beber à fartazana e quando dão as 12 badaladas, no meio de um enorme gozo e felicidade, falece de repente! Injusto, sem dúvida, mas tal como acontece com a limitação do número de mandatos dos presidentes dos órgãos executivos das autarquias locais, também o ano tem uma duração limitada e que é precisamente de 365 dias (366 dias nos anos bissexos, perdão, anos bissextos, também conhecidos por anos LGBT), ou seja, de um ano e chegaParece fácil, mas tudo resulta de cálculos e mais cálculos feitos ao longo de séculos por proeminentes matemáticos tais como Ptolomeu, Pedro Nunes, entre outros. Mas como se costuma dizer: “Le Année Est Mort, Vive Le Année!”, ou seja, morre um ano para logo nascer um novo ano! Um ano bebé, fofinho, queriducho, mas que é logo confrontado com excessos… de gorduras, de açúcar, de álcool, de drogas e o pior de tudo… o excesso de mau gosto nas toilettes usadas no réveillon!

Nesta crónica em jeito de vistoria de 2017 não posso deixar de começar pela grande catástrofe que assolou Portugal e que deixou mais de 6 milhões de portuguesas e de portugueses em choque: o Benfica chegou ao final do ano eliminado da Champions, eliminado da Taça de Portugal, eliminado da Taça da Liga e na 3ª posição da Primeira Liga. Sei que ganharam o tetra, mas o tempo passa, o Sol dá lugar à chuva, o ânimo ao desânimo… O governo já disponibilizou ajuda psicológica para os portugueses mais afectados por esta tragédia e prometeu criar uma “tacinha Raríssimas” para o Benfica disputar com as equipas das IPSS, geridas pelo Vieira, não o do Benfica, mas o da Solidariedade. Assim, ficavam todos a ganhar: o Benfica ganhava autoconfiança e as equipas das IPSS ganhavam nódoas negras e financiamentos do Estado. E o árbitro até podia ser nomeado pelo Vieira, o da Luzpois claroou não tornasse a luz as coisas mais claras!

Outra cena que (não) bombou em 2017 foi o SIRESPO não funcionamento do Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal abriu telejornais atrás de telejornais pelo que notícia mesmo deveria ser quando o SIRESP funcionasse. Isso sim, seria uma notícia! Fazer funcionar uma rede de emergência e segurança nacional através de cabos que passam no meio de uma floresta vulnerável aos incêndios é de mestre! Prémio Nobel da Chico-Espertice!

Ok, SIRESP, desgraças, isto anda tudo ligado… não posso evitar o tema dos incêndios, até porque é algo que ficará marcado na memória de várias gerações de portugueses como um dos acontecimentos mais trágicos deste início de século. Agora uma coisa posso constatar, um ministro, neste caso uma ministra, só se demite quando ultrapassa o limite dos 100 mortos/época de incêndios (se bem que os dias em que ocorreram os maiores incêndios de que há registo e memória em Portugal – 17 de Junho e 15 de Outubro – se situaram fora da “Fase Charlie”, a fase mais crítica de combate aos incêndios florestais)Estava eu a dizer que no nosso país um governante só perde a carta de ministro/a se for apanhado a mais de 100… mortos por época de incêndios, seja em que fase forInfelizmente esta é a mais pura da verdades: “Com que então a senhora vinha a chorar enquanto conduzia. Não sabe que chorar ao volante é um perigo? Mostre os seus documentos e sopre ao balão se faz favor… eihhhlá, cuidado com ela…está embriagada de morte: mais um bocadinho e ia aos 120 mortos! Dona Constança, siga mas é o conselho do nosso querido presidente e tire mas é umas férias antes que a senhora arda também. Assim como assim a sua idoneidade já ardeu!”; “Ó cabo Afonso, hoje está a falar como um autêntico doutor!”; “Obrigado meu capitão! É que ando a ler Tudo o Vento Levou,’ de Margaret Mitchell; “Pois, faz muito bem. Mas agora fazia-nos jeito era um guia prático do tipo ‘E Tudo o Fogo Levou – Como Recomeçar do Zero’, isso é que era, cabo Afonso!”; “Se quiserem eu posso ajudar”; “Não minha senhora, dê-nos a sua carta de ministra e desapareça daqui para bem longe antes que arda mais alguma coisa”; “Brutos!”; E Constança saiu a toda a velocidade rumo a um paraíso tropical para gozar as merecidas férias e também para gozar com os portugueses que lhe deram uma segunda oportunidade depois de Pedrógão Grande!. Para concluir a minha vistoria a esta matéria sensível, atrevo-me mesmo a dizer que, em matéria de incêndios, Portugal viveu o ano inteiro na “Fase Charlie Chaplin”, ou seja, numa autêntica palhaçada no que ao ordenamento do território, ao combate aos incêndios e à proteção das populações diz (des)respeito! Claro que há aqueles que afiançam cegamente que foi São Pedro que recebeu pagamentos por parte do diabo para produzir um calor infernal fora de época em Portugal. Bem, mas esses são os mesmos que dizem que há jogadores de futebol que recebem dinheiro para perderem jogos. Tolices! Ou talvez não. Temos pena (refiro-me aos jogos viciados)

Cristiano Ronaldo venceu a Bola de Ouro pela quinta vez. Desta forma, a ilha da Madeira vai ser reconhecida do espaço como “aquele ponto dourado que brilha”. CR7 foi ainda pai de dois gémeos de uma barriga de aluguer e de uma menina de uma barriga de uma espanhola. Consta-se que a barriga da espanhola sai mais cara do que as barrigas de aluguer a que Ronaldo tem recorrido para fazer a gestação dos seus filhos. “Taas a beir mêo failho tei daisse que uo rai dea ispainhoula thea ia sheirquera?” – desabafou a mãe de CR7.

Em Abril fala-se do nome de Centeno para ficar à frente do Eurogrupo, substituindo o polémico Dijsselbloem. Começaram logo a chover os pedidos dos Ministros das Finanças dos Estados-Membros da Zona Euro: “Ó amigo Centeno, não te esqueças de trazer umas garrafinhas de Vinho do Porto e umas amigas jeitosas para as reuniões do Eurogrupo…”. Centeno via assim lançada com vinho, gajas e um empurrãozinho de Schäuble (que o apelidou de Ronaldo do Ecofin) a sua candidatura informal a presidente do EurogrupoEm Agosto Centeno admite “possibilidade” de ser presidente do Eurogrupo, altura em que Wolfgang Schäuble diz publicamente que a empurrar cadeiras de rodas não há como eleCenteno vai a Fátima e promete à Virgem que se conseguir os “tais” 10 votos necessários à sua eleição que muda o seu nome para Mário “Dezeno”. Centeno ganha a presidência do Eurogrupo e constitui uma lufada de ar fresco em termos linguísticos: é que já ninguém aguentava pronunciar Dijsselbloem

No dia 10 de Julho assinalou-se o primeiro aniversário da conquista da Taça do Campeonato Europeu de Futebol de 2016, o primeiro grande título internacional conquistado pela selecção portuguesa ao longo da sua história. Presumo que Éderzito tenha comemorado em grande este feito com shopping, patuscadas e discoteca. Já o seleccionador nacional Fernando Santos mandou rezar uma missa de 365º dia por alma do “Enguiço(que perseguia selecção das quinas há décadas) que morreu aos 109 minutos no relvado do Stade de France. Viva Portugal!

2017 foi também o ano em que o Papa Francisco veio a Fátima visitar a Virgem Maria. Sobre isto, oferece-me mandar a seguinte boca para o barulho: se não fosse a Virgem, ainda estávamos todos à espera sentados pela visita do Santo Padre a Portugal…

Assistimos também a um interessante paradoxo religioso-festivaleiro: no dia em que o Papa visitou a Virgem, deixaram os portugueses de ser virgens em matéria de vitórias de festivais de Eurovisão. E, a avaliar pela avantajada e descomunal vitória, é caso para dizer que o bacanal foi valente, ai se foi! Vejamos: Francisco veio visitar Portugal graças ao hímen mais bem preservado da história religiosa de Portugal. Em sentido inverso, Salvador Sobral, não obstante ostentar o nome do pai da Virgem, veio tirar os três a Portugal e aos milhões de portugueses que durante décadas de eurovisão se mantiveram castosno que diz respeito a vitórias nesse grande palco onde todos querem brilhar. Aquilo é que foi gemer noite fora…

A crónica já vai adiantada mas ainda há tempo para o “Pernil no Forno à Bolivariana” porque um cronista tem que se alimentar:

Ingredientes

 1,5 Kg de pernil de porco fiado (de porca também serve);

– 5 granadas grandes de gás lacrimogénio; 

– Sumo de 1 Linão (seguidor dos ensinamentos do grande mestre Sócrates);

– colher (sabotada) de sal comunista;

– 2 cubos de caldo de porco bolivariano;

– 5 cassetetes de azeite maduro;

– Pimenta-da-ditadura a gosto;

– Prisão arbitrária de alecrim sem liberdade de expressão;

– 10 batatas chavistas;

Preparação:

– Misture num recipiente as granadas de gás lacrimogéneo, o sumo de Linão, o sal comunista, pimenta-da-ditadura a gosto, 1 cubo de caldo de porco bolivariano, o azeite maduro a prisão arbitrária de alecrim sem liberdade de expressão;

– Com um instrumento de tortura perfure todo o pernil de porco (ou de porca);

– Passe a mistura dos temperos em todo o pernil, fazendo com que o tempero penetre bem nas perfurações feitas. Seja o mais sádico possível. Agrade ao grande líder;

– Deixe a peça de pernil temperada descansar por um período mínimo de 2 semanas em frente à televisão pública venezuelana;

– Coloque o pernil para assar coberto com papel do jornal do partido comunista venezuelano, em congresso pré-aquecido, durante 72 horas;

– Depois de assar no congresso, durante 72 horas, ao som dos discursos dos camaradas bolivarianos, retire o pernil do congresso e coloque as batatas na pasta dos congressistas;  

– Está pronto a servir. Bom apetite!

Catalunha foi outra matéria que me preocupou à séria este ano. Não porque quisessem ou não a independência, porque com a independência (ou não) dos outros posso eu bem, mas porque toda esta mega cena mediática em torno de Puigdemont veio colocar a nu perante o mundo inteiro todo o horror, toda a miséria, toda a calamidade que se vive nas cabeças da Catalunha: não o que se passa no seu interior, mas sim o que se passa em cima delas! Já vi o Conselho de Segurança da ONU reunir-se e agir por muito menos. Mas o pior é que esta coisa que se está a passar nas cabeças dos catalães é contagiosa. O próprio Rajoy já está a ficar com os poucos cabelos que tem em pé e acho que o culpado é Puigdemont. Logo, este espécie de mal capilar é contagioso. Não tarda nada e temos todos os espanhóis com o cabelo e penteado à Puigdemont. E depois quem é que endireita aquilo? E se pega aos portugueses? Se não fosse o restaurador “Olex” e seus sucedâneos, eramos todos carecas e ponto final! Não fazíamos tristes figuras nem púnhamos o destino de uma nação em causa!  

Donald Trump e Kim Jong-Un continuaram a manter o braço de ferro como se de dois putos se tratassem: “a minha pilinha é maior do que a tua, nhã nhã nhã”. Bem, se eu fosse ao Puigdemontpedia asilo político a Pyongyang antes que os EUA destruam a Coreia do Norte. O Pior que pode acontecer ao líder independentista catalão é ser obrigado a cortar a guedelha.

Mudemos para um assunto menos cabeludo que muito tem alegrado os maquinistas (ou condutores, sei lá) da “geringonça”: A propósito da brutal queda do défice público para 1,3% do PIB ou menos ainda, consegui gravar, por meios pouco lícitos, esta conversa telefónica que ilustra bem a gravidade da situação:

“-Está? É do INEM?
– Sim, qual é a urgência?
– Quero relatar uma grande queda.
– Faça favor!
– Foi o défice público que caiu forte e feio e acho que se magoou a sério: está cheio de nódoas rosas e mal consegue respirar de tanta gente que está em cima dele a vangloriar-se e a berrar “Nós conseguimos”.
– Tranquilize-o primeiro e mande essa gente toda sair de cima dele, ouviu bem?
– Costa, Marcelo, saiam já de cima do défice!
– Vamos já enviar uma ambulância para o local! Onde disse que era?
– Ministério das Finanças.
– Vamos já para aí, senhor…
– Centeno, Mário Centeno

Foi em 2017 que ficámos a saber que quem tem uma “raríssimas” tem tudo, principalmente se partilhar a sua “raríssimas” com gente poderosa e influente. Ficamos ainda a conhecer o significado da sigla IPSS: “Instituição (ao serviço do) PS e do (Vieira) da Silva”.

Já na reta final desta crónica, uma nota (pode ser 20 valores) para Marcelo Rebelo de Sousa, o beijoqueiro de todas as portugueses e abraçador de todos os portugueses: se ele não fosse feito, tinha que ser inventado porque é em larga medida graças a Marcelo que os portugueses mais vulneráveis, que os portugueses mais carentes, que os portugueses mais atingidos pela desgraça têm tido algum carinho e afectoImaginem, por exemplo, se estivesse ainda Cavaco Silva na presidência, a desgraceira que teria sido em termos de gestão de afectos juntos das populações afectadas pelos incêndios. Quando muito, Cavaco chegaria a 10 metros das vítimas e dir-lhes-ia: “Pois é, isto está mauzinho, está esta. Mas eu não vos posso ajudar porque tenho uma reforma de miséria. E agora tenho de ir porque tenho a minha Maria à espera para comer bolo-rei. Boa sorte pobrezinhos!”. Marcelo é um presidente raro, no bom sentido, pelo que estou chateado com sua excelência por ser o único português que ainda não tirou uma selfie com ele! Agora também penso que Marcelo tem que fazer mais operações STOP à “geringonça” e fiscalizar o que deve ser fiscalizado! Caso contrário, ainda vai haver algum acidente grave

A minha última vistoria vai para a Lei de Financiamento dos Partidos, a qual penso que é fantástica, incrível, extraordinária, sensacional mesmo! Para os partidos, pois claro! Costa não vai pedir fiscalização da lei do financiamento partidário. Claro que não! Era o mesmo que a raposa ir pedir ao dono do galinheiro para inspeccionar as redes do galinheiro. Assim deixo-lhe, estimado leitor, um conselho prático para poupar à boleia desta lei que envergonha até a Gomorra napolitana: da próxima vez que se dirigir a uma padaria, peça o seu pão “partido” (às fatias). Porquê? Para, desta forma, ter isenção de IVA…

E é desta forma, isenta de IVA, que me despeço das minhas queridas leitoras e dos meus amáveis leitores, não sem antes vos endereçar votos de um novo ano cheio de boas emoções, saúde e sexo com qualidade. Ah, é verdade, como acredito num amanhã melhor (e também num depois do amanhã razoavelzinho), deixo-vos com a seguinte reflexão: “Tenho esperança que o mundo comece a melhorar no novo ano que aí vem. Afinal trata-se do ano em que o séc. XXI atinge a maioridade, logo tem obrigação de começar a ter mais juízo…”

 

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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