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Três dirigentes da Liga dos Combatentes distinguidos em França com medalha de Defesa Nacional

Três dirigentes da Liga dos Combatentes foram distinguidos esta segunda-feira com a medalha da Defesa Nacional, em Richebourg, França, incluindo a filha e um neto de soldados portugueses que combateram na Primeira Guerra Mundial.

A primeira medalha foi colocada pelo Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, a Felícia Glória d’Assunção Pailleux, enquanto a segunda medalha foi entregue pelo primeiro-ministro, António Costa, a Virgínia e Frédéric Maia, filhos de Afonso da Silva Maia. A terceira condecoração foi colocada a João Marques pelo ministro da Defesa Nacional, José Azeredo Lopes.

Felícia Glória d’Assunção Pailleux, 92 anos, é a terceira de 15 filhos de um soldado português que se apaixonou por uma francesa durante a Primeira Grande Guerra.

A presidente do Núcleo de Lillers da Liga dos Combatentes é também porta-guião da Liga dos Combatentes há quatro décadas e tem levado a bandeira de Portugal para as cerimónias anuais no cemitério militar português de Richebourg e no monumento aos mortos em La Couture, no norte de França.

O seu pai, João Manuel da Costa Assunção, era oriundo de Ponte da Barca, foi para França por causa da guerra mas ficou por amor, “um amor à primeira vista”, contou a filha à Lusa.

Felícia Pailleux nasceu portuguesa em França, mas foi naturalizada francesa aos quatro anos quando o pai adquiriu a nacionalidade francesa para poder abrir uma oficina de bicicletas.

Em 2004, pediu e obteve a nacionalidade portuguesa, mas nunca aprendeu a língua por imposição da mãe, porque “todas as pessoas da aldeia queriam que os portugueses partissem”.

Afonso da Silva Maia, neto de um soldado português, foi condecorado a título póstumo, tendo morrido em agosto de 2017, com 69 anos.

Deixou uma importante coleção sobre a Primeira Guerra Mundial que conta com livros, mapas, fotografias, objetos variados e mais de 150 cartas e postais trocados entre soldados, namoradas e famílias.

Delegado da Liga dos Combatentes para o Centenário da Grande Guerra, o português que nasceu em Paços de Ferreira, dedicou grande parte da sua vida a estudar o Corpo Expedicionário Português (CEP) depois de ter descoberto que o avô tinha estado na guerra das trincheiras.

O interesse foi ainda maior quando descobriu que o seu avô tinha estado com o CEP na localidade onde ele próprio vivia e começou a tentar identificar os lugares da presença portuguesa a partir das imagens de guerra do fotógrafo oficial das tropas portuguesas, Arnaldo Garcez.

Com a coleção de Afonso Maia, Aurore Rouffelaers, bisneta de soldado João Manuel da Costa Assunção e neta de Felícia Pailleux, criou a exposição “Amores Suspensos”, que inaugurou este sábado e está patente até 06 de maio na cidade de Vieille-Chapelle, com várias cartas e postais portugueses que contam os “amores colocados entre parêntesis” devido à guerra, explicou à Lusa Aurore Rouffelaers.

João Marques é presidente do núcleo de Richebourg da Liga dos Combatentes e presidente da associação União Franco-Portuguesa de Richebourg desde 1990, tendo ajudado na organização das comemorações evocativas do CEP no cemitério de Richebourg e no monumento aos mortos de La Couture nos últimos 28 anos.

O português, oriundo da cidade de Marinhais, tem 69 anos e vive em França há 50 anos, tendo sido um tio guarda do cemitério militar português de Richebourg que lhe despertou o interesse pela manutenção do local onde estão enterrados 1831 soldados lusos mortos na Grande Guerra.

Através da associação, João Marques tem ajudado pessoas que aparecem à procura de familiares que participaram na Primeira Guerra Mundial.

“Ajudamos muitas famílias a encontrar os familiares. Ainda na sexta-feira ligaram-me do Luxemburgo a perguntar por um familiar e encontrámos. Isso acontece muitas vezes”, contou à Lusa João Marques, que tem um velho caderno com a relação dos militares sepultados no cemitério de Richebourg.

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