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Treinador português lidera um dos principais clubes de judo em França

O antigo judoca português Celso Martins é o treinador principal do clube Sainte-Geneviève Sports que se sagrou, em 2016, Campeão Nacional de equipas da 1ª divisão de França e foi terceiro classificado no Campeonato da Europa de Clubes.

Eleito treinador do ano pela Federação Francesa de Judo em 2012, Celso Martins acompanhou até aos Jogos Olímpicos os judocas Dominique Berna, Frédéric Demontfaucon e David Larose, e treinou campeões europeus como Marie-Eve Gahié e Jean-Sébastien Bonvoisin.

“Só nestes últimos Jogos Olímpicos é que não tive participantes. Sempre tive participantes nos Jogos, Campeonato do Mundo, Campeonato da Europa. Há cinco anos que estamos a fazer a Taça da Europa por equipas, masculinos e femininos. Um dia ligaram-mee disseram: ‘o teu clube é o número um de França’. Eu até fiquei envergonhado! A minha motivação era essencialmente acompanhar os atletas”, contou o português de 54 anos.

Celso Martins é também o treinador de Leandra Freitas (-52kg), a judoca que treina em Sainte-Geneviève-des-Bois mas que compete com as cores da seleção portuguesa e que conquistou o bronze no Open de África, em Tunes, em janeiro.

O treinador deixou Mortágua, no distrito de Viseu, aos 10 anos, em 1972, para ir ter com o pai a França, numa viagem clandestina, “o clássico” e “a chorar porque não queria vir”.

“Estamos com uma atualidade muito sobre a imigração. Eu penso que há muitas pessoas que se esquecem que há uns tempos éramos nós os migrantes”, considerou.

Em França, Celso Martins entrou no judo aos 17 anos por considerar que “é o desporto individual com mais espírito de equipa” e nunca pediu a nacionalidade francesa, nem mesmo quando o passaporte luso o impedia de competir no campeonato francês da primeira divisão.

“Não pude ir mais longe porque disseram-me: ‘As competições aqui são reservadas aos franceses’, recordou, sem lamentar a escolha que fez ao federar-se na Académica de Coimbra, em Portugal, ainda que tenha continuado a treinar em França.

Em Portugal alcançou uma medalha de bronze no campeonato nacional em 1990 (-65kg), mas sempre que tinha provas tinha de viajar 24 horas no comboio Sud Express que ligava Paris e a sua terra-natal, depois “arrancar para Coimbra, apanhar os outros, fazer a prova” e regressar a França no dia seguinte porque tinha o emprego de químico que o esperava.

Em 1987, deixou a Química para tirar o curso de treinador de judo, tendo integrado o Club Sainte Geneviève Sports em 1990, como atleta e treinador, e em 1995 tirou outro curso superior de treinador no conhecido INSEP, o centro de desporto de alto nível de França.

Entre 2000 e 2008 integrou a direção da Federação Francesa de Judo e, depois, criou a própria empresa de organização de campeonatos nacionais e internacionais de judo, a CS+, sendo responsável, nomeadamente, pelo Grand Slam de Judo de Paris e vários torneios de Luta Livre, Karaté, Taekwondo, e indo organizar o campeonato do mundo de luta livre em Paris no final de agosto. Ainda assim, continua a ser treinador e a estar “todos os dias no tapete”.

Este ano, Celso Martins vai levar a equipa de Sainte-Geneviève Sports à Golden League, a competição de topo entre clubes europeus de judo, que se vai realizar em dezembro, em Lisboa, e em que a equipa do Sporting Clube de Portugal alcançou, pela terceira vez seguida, a medalha de bronze em 2016.

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