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Templos de Angkor

Na capital da Tailândia apanhámos uma carrinha até à cidade de Siem Reap, no Camboja.

Ao todo éramos doze mochileiros e, para não fugir à regra, a viagem foi uma inopinada surpresa.

Com a estrada num estado miserável, a carrinha balançava de um lado ao outro e, por vezes, o pessoal saltava fora do lugar.

Nos primeiros quilómetros os viajantes ainda soltavam algumas gargalhadas, mas rapidamente este balançar, entre alguns saltos mais violentos que nos arrancavam do banco como se fossemos ejetados de um F16, mostrava o desagrado de alguns passageiros.

Passada uma hora, a carrinha parou para abastecer o depósito.

Depois de uma viagem atribulada, por estradas pejadas de buracos, até soube bem esta paragem, para descontrairmos um pouco.

Mas o que não foi nada normal foi termos seguido viagem e, passados uns quinze minutos, a carrinha ter parado novamente.

E sabem porque é que parámos desta vez?

Não foi para comermos alguma coisa ou irmos à casa de banho.

Foi para tornar a meter gasóleo!

Isto passado um quarto de hora depois da primeira paragem com o mesmo intuito.

Com tal peripécia kafkiana ríamos que nem uns perdidos. Gota a gota, enchia a carrinha o depósito!

Na fronteira, o caos e a confusão entraram em cena, como dois atores principais, e teimavam em não nos largar, nesta odisseia morosa e cansativa até terras cambojanas.

Bem perto e bem longe de uma Tailândia com infraestruturas bem engendradas para os turistas, sentíamos que neste pedacinho de terra, entre estes dois reinos, estávamos perante uma realidade completamente oposta.

Bicicletas e carroças puxadas por bois eram alguns dos meios de transporte que por ali passavam.

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Apesar de termos um guia que nos acompanhava desde a cidade de Banguecoque, com o intuito de tratar dos nossos vistos mais rapidamente, foi preciso uma eternidade para os conseguirmos. No fundo, ele era uma espécie de “entertainer”, que nos ocupava a mente e o espírito.

Só que este menino era um pouco diferente dos “entertainers” aos quais estamos habituados.

As suas apresentações consistiam em tentar vender-nos de tudo um pouco, desde o alojamento, aos táxis e às excursões para os templos. Parecia um autêntico feirante, mas sem a barraca.

Sem dúvida que este fulano deveria ter alguma comissão com pousadas ou agências.

Mesmo sabendo que alguns mochileiros já tinham reserva, ele tentava dar a volta ao pessoal e persuadi-los para uma outra pousada.

Já em solo cambojano, a caminho de Siem Reap, as diferenças eram cada vez mais notórias.

Dada a época das chuvas, e a consequente subida do rio, as casas eram construídas em cima de barrotes de madeira, que assim sustentavam a casa no alto.

Desta forma, as habitações nunca seriam inundadas na época das grandes monções.

Finalmente em Siem Reap, e tendo feito alguns amigos, decidimos jantar todos juntos.

À vinda para a pousada tivemos mais um momento invulgar, mas ao mesmo tempo jovial: estavam três polícias a jogar à bola!

Descontraídos e divertidos, cada um mostrava as suas habilidades com toques de bola ou dribles.

Com tal peripécia paradoxal, mas ao mesmo tempo divertida, ainda olhei para o lado para ver se via algum jogador de futebol a controlar o trânsito ou a multar uma motorizada.

Mas nada disso. Eram apenas três talentos desperdiçados, mascarados de polícias.

Sem dúvida que existe à nossa volta um mundo muito diferente daquele a que estamos habituados, mas é tão interessante ver aquela pureza e ingenuidade de alguns povos.

No dia seguinte, acordámos bastante cedo para visitar os famosos templos de Angkor Wat.

Como este gigantesco complexo abrange uma área de mais de mil quilómetros quadrados, decidimos alugar um tuk tuk.

Angkor, que significa “cidade sagrada”, floresceu entre os séculos IX e XV e é uma das maiores construções religiosas feitas pelo homem.

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Esta cidade foi capital do império Khmer e representa a sua civilização e arte.

Uma descrição minuciosa deste passeio entre labirintos e ruelas, com magníficos templos espalhados por todo o lado, nunca será suficiente para relatar tal venustidade.

Ao longo de imensos séculos, a natureza apoderou-se de alguns templos, e são bem visíveis algumas raízes deambulando e perfurando alguns templos como uma epidemia.

Uma combinação perfeita entre estes dois elementos que faz sonhar qualquer viajante.

Nalguns templos podíamos observar alguns monges, de túnica laranja, meditando e rezando.

Alguns macacos também davam o ar da sua graça, saltando pelas árvores ou simplesmente deambulando pelos templos.

Pela primeira vez senti um misto de sensações bem estranho e curioso.

Normalmente, associamos a chuva ao frio. Algo que é bem comum e normal para todos nós.

Mas, no Sudeste Asiático, a chuva nem sempre é sinónimo de frio. Chovia a potes e ao mesmo tempo estava um calor abafado. Por isso mesmo, decidimos explorar a pé algumas ruínas que pareciam uns autênticos labirintos.

Por vezes, sentíamos que estávamos na pele da Lara Croft, no famoso jogo Tomb Raider, procurando algum tesouro ou simplesmente a saída para chegarmos ao nível seguinte.

Palavras para quê? Os templos de Angkor são indubitavelmente uma das grandes maravilhas do mundo!

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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