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Somos todos gregos?

Á medida que se aproxima a campanha eleitoral, em Portugal, endurecem as posições das partes em confronto que podem vir a ter alguma aspiração a governar: a coligação hoje no poder e o PS.

É espantoso, como ainda há um enorme grupo de personalidades que se perfila para governar um «sítio» praticamente falido como o nosso cantinho à beira-mar plantado, a abarrotar de sol, mar e turistas em calções curtos, que tiram o tuga do sério.

Não se cansa a direita a dizer que estamos melhor em tudo, menos desemprego, ainda que a emigração tenha batido todos os recordes, que a precariedade dos que estão a trabalhar e não ganham o suficiente para pagar a nossa cesta básica, seja uma evidência, ainda que o grosso das nossas exportações, seja para Angola e aquele país esteja a experimentar sérias dificuldades nos pagamentos e exportação de divisas, ainda que a precariedade no emprego, quando o há, impeça os casais jovens de organizar a sua vida e depois queixam-se de que a natalidade vem por aí abaixo, prejudicando, a prazo, a sustentabilidade da segurança social.

Diz a esquerda que isto é insustentável e que a nossa dívida é impagável e continua a aumentar, ao que a direita contrapõe que os números são indesmentíveis e que estão a melhorar. Mas, o que se esquecem de dizer é que, quando o barco bate no fundo, só pode subir. Ou seja, não se podem fazer comparações, quando a base de partida é zero.

Mas creio que não vale a pena saber quem tem razão, embora a narrativa da coligação de governo esteja toda assente no seguinte: o país estava à beira da banca rota e nós evitámos a desgraça. Por outro lado, a esquerda e o PS, reafirmam que a direita foi longe de mais nas medidas de austeridade e que o povo está mais pobre, por via disso.

E é aqui que entra a Grécia.

Durante todo o tempo do programa de assistência financeira a Portugal, o governo fechou-se na ideia de que não havia outra solução que não fosse a imposta pela troika e as oposições sempre disseram que havia outra via, que não fosse tão dura e tão penalizadora das pessoas.

Este é o nó górdio da questão.

Se a Grécia conseguir desbloquear alguma coisa na EU, como um terceiro resgate, a reestruturação da dívida e mais tempo para a pagar a juros mais baixos, fica claro que Portugal poderia ter obtido o mesmo (em tese), se tivesse seguido o caminho dos gregos. Isso seria terrível para os partidos do governo português e um balão de oxigénio para o PS, que não consegue descolar nas sondagens.

E não deixa de ser curioso, como a situação grega pode influenciar de uma forma tão forte, a vida política portuguesa.

Seja como for, a EU tremeu e treme, com a posição grega, um país de dez milhões de habitantes, como o nosso. E se os pequenos países do sul, como Portugal, Espanha e também a Irlanda e a Itália, todos com os mesmos problemas, mais coisa, menos coisa, se tivessem unido numa posição comum, contra a agiotagem dos seus pares?

Provavelmente, a EU, tal como a conhecemos, já tinha dado o estoiro.

E, se calhar, não tínhamos todos ficado mais pobres.

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