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Sindicatos grevistas da CGD França “não vão desistir”

A intersindical FO-CFTC, que apoia a greve iniciada há oito semanas na sucursal francesa da CGD, e os membros da comissão de negociação dos trabalhadores em greve “não vão desistir”, apesar de uma ação judicial contra eles.

Cristina Semblano, porta-voz da intersindical FO-CFTC e membro da comissão de negociação dos trabalhadores em greve, disse, hoje, à Lusa que vão realizar-se três novas manifestações esta semana, depois de outras três realizadas desde 25 de maio.

“Nós não temos medo. Nós sabemos que esta ação foi feita para nos intimidar. A direção continua no seu processo de intimidação que usou desde o princípio”, afirmou Cristina Semblano, sublinhando que esta terça-feira se entra na oitava semana de greve, que começou em 17 de abril.

A porta-voz explicou que a CGD intentou um processo no Tribunal de Grande Instância de Paris contra os sindicatos FO e CFTC e “contra cada um dos membros da comissão de negociação dos trabalhadores em greve”, ou seja, 17 pessoas, tendo, ela própria, recebido, hoje, das mãos de um oficial de justiça, a ação para comparecer em tribunal no dia 12 de junho, às 15:00 (hora local).

“É uma ação em Justiça inédita em França porque o motivo principal é o delito do abuso do direito de greve. A audiência está marcada para o mesmo dia e para a mesma hora em que vamos a tribunal pedir que nos seja entregue o plano de reestruturação. Esta ação visa não tanto impedir a greve, mas intimidar os trabalhadores para que eles desistam de pedir o plano de reestruturação”, considerou.

A responsável precisou que no dia 12 de junho a Justiça francesa se deve pronunciar sobre “o delito de entrave por não entrega do plano de reestruturação da CGD”, que já tinha dado entrada junto no Tribunal de Grande Instância e que foi apresentado pela comissão de trabalhadores.

“Foi nomeado um perito para assistir a comissão de trabalhadores e examinar a situação na sucursal, mas a direção-geral recusa dar a esse perito os documentos necessários para que ele leve a cabo a sua missão, nomeadamente o plano de reestruturação”.

Cristina Semblano disse, ainda, que enviou, hoje, à Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa um “pedido de uma audiência urgente para apresentar a situação da Caixa Geral de Depósitos em França e as soluções que urge adotar”.

Esta terça-feira, a porta-voz da intersindical FO-CFTC vai, também, enviar “novo pedido de audiência urgente ao Presidente da República”, depois de um primeiro documento enviado em 29 de maio, que não obteve resposta.

Para esta semana, em Paris, estão convocados protestos na sede da Federação Bancária Francesa, na quarta-feira, às 11:30 (hora local), no Consulado-Geral de Portugal, na quinta-feira, às 11:00 (hora local), com a presença do deputado de Bloco de Esquerda Moisés Ferreira, membro das duas comissões parlamentares de inquérito à CGD, e na Embaixada de Portugal, na sexta-feira, às 11:30 (hora local).

“No dia em que se celebra na embaixada o Dia de Portugal e das Comunidades queremos lembrar que as comunidades não são só para serem celebradas no papel. Retirar a Caixa Geral de Depósitos [CGD] de França é retirar o apoio da banca pública à imensa comunidade portuguesa que existe em França, que é a maior da Europa e uma das maiores do mundo”, acrescentou.

Entretanto, continuam a ser recolhidas assinaturas para uma petição a entregar na Assembleia da República “contra a privatização da sucursal em França da Caixa Geral de Depósitos”.

A greve na sucursal em França da Caixa Geral de Depósitos, que tem 48 agências e mais de 500 trabalhadores, foi apoiada pela intersindical francesa FO-CFTC, mas não foi seguida pelos sindicatos CGT e CFDT.

A redução da operação da Caixa Geral de Depósitos fora de Portugal (nomeadamente Espanha, França, África do Sul e Brasil) foi acordada em 2017 com a Comissão Europeia como contrapartida da recapitalização do banco público.

Em 24 de maio, o Governo aprovou os cadernos de encargos com as condições para a venda dos bancos da Caixa Geral de Depósitos na África do Sul e em Espanha, segundo comunicado de Conselho de Ministros.

Em 10 de maio, o presidente executivo da CGD, Paulo Macedo, afirmou querer manter a operação da CGD em França e adiantou que está a negociar isso com as autoridades, apesar de ter sido também acordada a sua venda, mas acrescentou que isso só acontecerá se a “operação for sustentável, rentável e solidária” com os esforços feitos pelo banco.

A Caixa Geral de Depósitos teve lucros 68 milhões de euros no primeiro trimestre do ano, o que compara com prejuízos de 38,6 milhões de euros do mesmo período de 2017, sendo que 30 milhões de euros vieram da atividade doméstica e 38 milhões de euros da atividade internacional.

Quanto aos contributos da atividade internacional, o BNU Macau contribuiu com 15 milhões de euros, a sucursal de França com sete milhões de euros, o BCI Moçambique com sete milhões de euros e o Banco Caixa Geral (Espanha) com 9,3 milhões de euros. Para a África do Sul não foram desagregados resultados.

Em 2017, a CGD encerrou as sucursais de Londres, ilhas Caimão, Macau Offshore e Zhuhai (na China), segundo informação do banco.

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