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Setubalenses querem aeroporto no Montijo

A construção do novo aeroporto na Base Aérea n.º6, no Montijo, poderá ser a oportunidade para aumentar o turismo e o emprego no distrito de Setúbal, defendem os comerciantes e moradores da região, apesar do receio quanto ao ruído.

“O aeroporto do Montijo vai ter muito interesse para a Península de Setúbal, uma vez que vai trazer um setor em que somos extremamente carentes que é o da hotelaria e turismo. Temos restauração, mas falta-nos hotelaria considerável para podermos aumentar o turismo da região”, defendeu Francisco Carriço, presidente da Associação do Comércio, Indústria, Serviços e Turismo do Distrito de Setúbal (ACISTDS).

Para o responsável, todo o turista, seja nacional ou internacional, “gosta de usufruir dos produtos típicos do comércio tradicional” e, por isso, o novo aeroporto no Montijo será uma oportunidade para dar a conhecer a gastronomia da região, assim como os vinhos caseiros “únicos”.

Francisco Carriço lembrou, porém, que, para ser “mais fácil os turistas usufruírem destes produtos”, é necessário “aumentar o número de hotéis” na Península de Setúbal.

A agência Lusa tentou perceber qual a opinião dos comerciantes e moradores da zona acerca de um possível aeroporto no Montijo.

A funcionária de uma peixaria da vila de Alcochete, Sandra Camilo, de 36 anos, defendeu que um aeroporto vai proporcionar o desenvolvimento tanto da cidade, como do país, criando “mais trabalho”.

Quando questionada se um aeroporto naquela zona iria ser benéfico para o negócio, nem pensou duas vezes: “com certeza, vou vender mais peixe, vai haver desenvolvimento, mais pessoas a ir e vir”.

Também o taxista José Sandro apontou que “vai trazer muito emprego” e que “faz muita falta na região”.

É consensual que um aeroporto no Montijo trará crescimento económico para os vários concelhos do distrito de Setúbal, porém, também há quem defenda que os impactos ambientais, como o aumento de ruído, serão prejudiciais para a população.

Uma plataforma cívica contra a infraestrutura tem vindo a defender que o ruído será, em alguns casos, superior ao recomendado pela Organização Mundial de Saúde, afetando principalmente a zona da Baixa da Banheira, na Moita, e o Lavradio, no Barreiro, pela proximidade à zona prevista de descolagem e aterragem.

Além destes territórios, também o Samouco, em Alcochete, sofrerá os efeitos sonoros, pois é a freguesia mais próxima da Base Aérea n.º6.

“Isso é uma coisa que não tem como fugir. Em qualquer lugar que existe um aeroporto as pessoas têm que se habituar a isso e têm que ver a outra parte da história: o desenvolvimento, o empreendimento, que vai trazer muita fonte de trabalho para todos”, lembrou Sandra Camilo.

Pelo contrário, uma moradora da Baixa da Banheira, Conceição Ribeiro de 69 anos, mostrou-se descontente e preocupada com as consequências.

“Não vou gostar dessa situação, aliás tive a oportunidade de vê-los a passar e não estou de acordo. E depois tenho muito medo quando passam os barulhos, se cai um avião perto ou em cima da minha casa, porque vão passar perto. Fossem para outros sítios mais descampados, sem ser ao pé das populações e das habitações”, frisou.

Já a funcionária de uma florista no Samouco, Conceição Nunes com 75 anos, aprontou-se a dizer que o aeroporto será bem-vindo e que o ruído “é uma questão de hábito”.

“Muitas pessoas dizem «Conceição gostas de o aeroporto vir aqui para o Samouco?» e eu gosto. Eu não moro cá, moro no Montijo, mas estou aqui desde manhã à noite. Eu digo, «porque não?» Dizem que vai haver muito barulho, mas também já ouvi que o maior barulho será na Baixa da Banheira e Alhos Vedros”, referiu.

A lojista contou até que, na altura dos Santos Populares, o verso que criou sobre o novo aeroporto foi dos mais pedidos para colocar no manjerico.

“No ano de 2022 isto vai ficar num oito, porque a vila do Samouco vai ter o aeroporto”, declamou.

Outro morador do Samouco, António Louro de 72 anos, reconheceu os benefícios do aeroporto para a região, mas defendeu a alternativa Campo de Tiro de Alcochete, entre Montijo e Benavente (Santarém).

“Eu achava melhor que o aeroporto fosse para o Campo de Tiro, porque o Montijo iria também ter vantagem e nós aqui vivíamos mais sossegados, porque o barulho vai ser imenso. A minha opinião é que devia ser no Campo de Tiro de Alcochete porque não há habitações, não há nada, era só avançar a autoestrada mais um bocadinho, porque também está perto de Lisboa, mas os políticos é que sabem”, frisou.

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