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Ser poeta é ser menor

Desengane-se quem julga que as Letras se dão com os heróis.
E é paradoxal a Palavra, o Verbo não fazer um homem maior.
Talvez uma Florbela Espanca, – ser maior!

A música, até a música, essa, olvida o Letrista.
O palhaço. O difuso artista é sempre reconhecido
Mesmo ao dizer textos do publicista.

É a nudez de Torga que o mostra.
Com a implacabilidade dele.

O Vate reconhecer que a menina do derriço;
Não era merecida.
Quando, normalmente, nessas fases;
Nos podem palavras rimadas.

Dedicatórias.
(Poemas dedicados)…

Mas não acreditem. É tudo treta.

Elas não gostam de nós. Elas gostam é de quem lhes dê Música.
Dum verdadeiro filho da pauta que saiba Música e não Letras.

Mário Adão Magalhães 016/02/07 23,08h
(Não pratico deliberadamente o chamado Acordo Ortográfico).

P C P: Miguel Torga – A Criação do Mundo

Lisboa, 7 de Fevereiro de 1984 — Encontro inesperado numa sala de espera com um antigo derriço de há mais de cinquenta anos. Quando me viu, ergueu-se, saíu-me ao caminho, tirou os óculos escuros e, à queima-roupa, perguntou-me se sabia quem ela era. Reconheci-a, claro, e depois de tartamudear algumas frases sem jeito, perguntei-lhe por minha vez se a vida a tinha feito feliz.
— Muito! — respondeu sem hesitar. E contou para quem quis ouvir: — Sabe, na altura do nosso namoro, havia outro rapaz, acabado de sair do Técnico, que também me arrastava a asa. E uma grande amiga nossa — e disse o nome — às tantas pôs-me o problema assim: menina, se queres uma vida calma, desafogada, jogar pelo seguro, casa com o engenheiro. Mas se preferes uma existência atribulada, sem rei nem roque, sempre de credo na boca, junta os trapinhos com o poeta. E não pensei duas vezes, escolhi o Manuel.
— Ainda bem… — respondi a sorrir. — Eu não a merecia…

Diário XIV

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