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Sem compaixão, nem educação

© Pixabay

Nascida do outro lado do Atlântico, Nádia Piazza perdeu um filho de 5 anos nos incêndios de 2017 em Portugal. Não se imagina dor maior. Mas se sofre – e certamente sofre muito -, consegue não chorar apenas. Para além da preservação da memória dos que pereceram, esforça-se, a par da comunidade, na reivindicação de decisões e medidas que evitem tragédias equivalentes no futuro.

Fundou a Associação das Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande (AVIPG), manteve encontros com dirigentes partidários, governantes, com o líder da unidade de missão que organiza o novo mecanismo de Proteção Civil e até com a UGT. Trabalha como consultora na Câmara de Figueiró dos Vinhos e recusa-se a baixar os braços. É uma mulher notável e independente.

O PS pode relacionar-se com independentes. Os outros partidos não. Quantos colaborem com o PS são extraordinários. Para os outros, o insulto.

António Costa coligou-se em 2009 com o movimento “Cidadãos por Lisboa”, liderado por Helena Roseta, rotulada de independente. O PS informou em 2012 que teria a colaboração de independentes no “Laboratório de Ideias de Propostas para Portugal”. Em 2014 foi notícia que chamaria independentes para elaborar o programa de Governo e mais tarde, que independentes integrariam esse Governo. Tudo normal.

Em 2018, como independente, Nádia Piazza predispôs-se a ajudar na elaboração do programa político do CDS, assente que medidas para o interior serão uma prioridade. Como reagiu a Esquerda?

A socialista Estela Serrano, que integra o Conselho de Opinião da RTP e assessorou Mário Soares, comentou que “(…) compreendem-se melhor as suas posições e atitudes de culpabilização e de hostilidade ao Governo”. Meses antes, Alfredo Barroso já destilara boçalidade e racismo, dizendo que “a brasileira de Pedrógão é manipulada ou manipuladora”. E até o cantante Fernando Tordo, que nunca foi conhecido pela voz extraordinária, decidiu usá-la como o chinelo, com a atoarda de que “manobra com mortes e incêndios com grande naturalidade e desenvoltura”.

À Esquerda, nada escapa aos processos de intenção. Nem sequer as circunstâncias de quem perdeu tudo o que importa. O termo é vil.

A custo zero, sem alienar a sua independência, Nádia Piazza transforma circunstâncias que poucos aguentariam na disponibilidade para ajudar o país que, se a acolheu, também falhou tragicamente. Uma grande diferença em relação a quem critica ou insulta, mas vive de nomeações ou protetorados da política, com o cartão do PS no bolso, ou na alma.

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