Quem dá um euro furado
por um poema bastardo
nas noites frias em Portugal.
Quem lê ao borralho
um poeta sem quatro costados
E recita versos com a caneca na mão
e uma castanha na boca?
Quem canta a nona sofonia do silêncio,
quem comprará sua camisa
suja de batom e de brisa?
Quem guarda na gaveta
o som do Stradivarius.
E recita um poema da treta
Com a mínima tristeza
que ás vezes me encontro?
Quem fincará uma estaca
no coração do poeta,
e incendiará seu mundo de poesia?
Quem lhe torpedeia a imaginação,
desse poeta duma figa?
Que vive no centro do tempo,
e que guarda com carinho,
lembranças da juventude.
Quando as quadras sao doces,
e saíam poemas nos bolos.