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Rendimento básico na Suíça seria salvação para muitos portugueses

© KEYSTONE/Gaetan Bally

A aprovação em referendo de um rendimento básico incondicional na Suíça, que será votado no domingo, “seria uma tábua de salvação para muitos” portugueses “em situação precária”, reconhecem conselheiros das comunidades.

“Muita gente tem vindo para a Suíça e está numa situação apenas de sobrevivência”, alerta Domingos Pereira, conselheiro das Comunidades Portuguesas em Zurique.

Em declarações à Lusa, Domingos Pereira estima que “seguramente” 70 por cento dos “280 e tal mil” imigrantes portugueses registados na Suíça beneficiariam de um rendimento básico incondicional, medida que será referendada no domingo, depois de ter sido proposta por 100 mil subscritores, que sugeriram o valor base de 2500 francos (2250 euros), por mês e por adulto.

A “baixíssima” taxa de desemprego na Suíça não corresponde à realidade, frisa Domingos Pereira, recordando que “o trabalho temporário é uma vertente muito forte e isso quer dizer que as pessoas trabalham à hora, à jornada e, portanto, não havendo trabalho, não há ordenado”.

Segundo o conselheiro em Zurique, muitos portugueses estão nessa situação, sobretudo os imigrantes mais recentes, que são mais vulneráveis.

Mas o rendimento básico incondicional não se dirige a esses, mas aos que já estão registados no país, de forma a garantir um rendimento mínimo para todos, que substitua os vários benefícios sociais do país.

“Seria uma boa medida para muitas famílias [portuguesas], mais favorável do que uma ajuda da assistência social”, compara Domingos Pereira.

“A nossa comunidade é uma comunidade dedicada ao trabalho”, corrobora José Sebastião, conselheiro das Comunidades Portuguesas em Genebra.

“Homens e mulheres trabalham durante o dia na sua atividade principal e, à noite, ainda se dedicam a atividades secundárias, como as limpezas”, relata.

“Os portugueses trabalham muitas horas”, resume, destacando que “o custo de vida na Suíça é elevadíssimo”.

Esta situação, por resultar em falta de tempo para a família, explica os problemas de integração da comunidade portuguesa e a elevada taxa de insucesso escolar das crianças portuguesas, considera o conselheiro. “Os pais, muitas vezes, trabalham muitas horas, não podendo dedicar o tempo necessário aos seus filhos”, lamenta.

Para além disso, os serviços sociais na Suíça “têm falta de dinheiro” e, em vez de aí gastar “milhares”, o Estado passaria a assegurar “um salário base”, que permitiria às pessoas “viver minimamente”, defende.

Independentemente do resultado do referendo, que nunca será vinculativo, a proposta “abrirá o debate sobre a atual sociedade, onde os pais não têm tempo para os filhos, nem os filhos para os pais”, realça José Sebastião.

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