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Queria ser alemão mas… teve de ser português

Naquela tarde de Agosto, em pleno Inverno brasileiro, estava em Blumenau.

Estar em Blumenau é quase ir a território alemão e conviver com esse povo alegre e bonito, já que tudo nos faz lembrar o encantador rincão europeu.

Trajos e cores são festivos; a cada esquina, ouvem-se melodias suaves e saudosas da velha Alemanha, que fica tão longe mas parece tão perto.

Entrei num restaurante típico. Decorado ao gosto germânico. Até o pessoal pareceu-me caído de páraquedas para nos servir, vindo da encantadora Baviera.

Na mesa ao lado, sentou-se um guapo rapaz alto, magro, de cabelo ruivo, que olhava para mim, de soslaio.

Não me contive, e perguntei-lhe se era de Blumenau.

Respondeu-me que não. Era de Florianópolis, melhor, de Santo António de Lisboa, e ia para Curitiba.

Como lhe dissesse que era português, informou-me que a mãe era de família açoriana, e o pai de origem alemã.

E esclareceu-me que ia a Curitiba tratar de papéis, para adquirir a nacionalidade do avô materno.

– “Então é quase português! …Os meus parabéns!…”

Logo adiantou, aproximando-se mais de mim:

– “Preferia ser alemão… mas é difícil adquirir essa nacionalidade… A portuguesa já me serve…”

– “Quer ser português, para emigrar para a Alemanha?” – Interroguei.

– “Não. – Respondeu com rasgado sorriso. – Felizmente estou bem aqui, no Brasil, mas ser europeu, dá vantagens. A principal, é o sistema de saúde…”

– “Sistema de Saúde?!” – repeti, atónito.

– “Sim. Como sabe, a assistência médica, para quem não tem plano de saúde, no Brasil, é péssimo. Ninguém sabe se vem a necessitar de fazer tratamento dispendioso…”

Fiquei intrigado – “O que tinha haver, a nacionalidade, com a saúde!” – pensei, mas rapidamente fiquei esclarecido:

– “Conheço cara que teve que fazer operação dispendiosa. Então resolveu ir para Londres, e pedir a amigo, residente nessa cidade, para declarar que vivia com ele. Como sabe, o sistema de saúde britânico é o melhor do mundo e quase gratuito, para cidadãos europeus… O caro foi optimamente tratado, sem despender um real!…”

A ideia era óptima, digo: “era”, porque agora com o “Brexit” acabou-se…

A galinha de ovos de oiro, que tanto emprego dava a portugueses e brasileiros, ao abandonar a U.E. deixou – penso eu – de pagar tratamentos dispendiosos…

Era bom… mas acabou-se…

Deve ter sido uma grande desilusão para a barriga-verde que queria ser alemão, mas… teve de ser português…

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