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Qual a origem do Dia da Mãe?

Como sabem, é recorrente falar/mostrar “mash ups” de imagens e bonecada, bem como também desvendar o que está por trás de uma data especial. Já falei sobre o Natal, o Santo António… e agora, para contribuir para a minha cultura geral e a vossa, irei debruçar-me sobre o Dia da Mãe.

Esta ideia de dedicar um dia às mães nasceu nos Estados Unidos, porém, é transversal a todas as culturas, religiões e países. E sabiam que em Portugal já foi comemorado a 8 de Dezembro? O seu significado, por cá, mantém-se ligado à Virgem Maria, mas já lá vamos…

A mais antiga comemoração dos dias das mães é de ordem mitológica. Na Grécia antiga, a entrada do período da Primavera era festejada em honra de Rhea, a Mãe dos Deuses, com a particularidade de Rhea ser mulher de Cronos, o deus grego que trouxe a palavra “cronologia” para as culturas latinas, pois regia o tempo. O registo seguinte situa-se no início do século XVII, quando Inglaterra começou a dedicar o quarto domingo da Quaresma às mães das operárias inglesas. Nesse dia, as trabalhadoras tinham folga para ficar em casa com as respectivas mães. Era chamado de “Mothering Day”, facto que deu origem ao “mothering cake”, um bolo feitos para as mães que tornaria o dia ainda mais festivo.

Nos Estados Unidos da América, as primeiras sugestões em prol da criação de uma data para a celebração das mães situam-se em 1872, através da escritora Júlia Ward Howe, autora de “O Hino de Batalha da República”. Porém, foi outra americana, Anna Reese Jarvis, no Estado da Virgínia Ocidental, que iniciou uma campanha para instituir o Dia da Mãe. Em 1905, Anna, filha de pastores, perdeu a sua mãe e entrou em grande depressão. Preocupadas com o seu sofrimento, algumas amigas tiveram a ideia de perpetuar a memória da sua mãe com uma festa. A partir daí, Anna quis que a festa fosse estendida a todas as mães, vivas ou mortas, com um dia em que todos os filhos se lembrassem e homenageassem as suas mães. O intuito era o de fortalecer os laços familiares e o respeito pelos pais. Assim, a feminista Anna Jarvis lançou em 1907 um movimento para criar o “dia nacional das mães”. As comemorações tiveram início na sua cidade – Grafton, na Filadélfia – no aniversário da morte da sua própria mãe. No ano seguinte, todo o estado de Filadélfia prosseguiu a comemorar o dia nacional das mães. Rapidamente, outros estados norte-americanos foram aderindo à comemoração. A campanha de Anna teve grande sucesso e estendeu-se a todo o país, pelo que em 1911 já o dia da mãe era celebrado em toda a América. Mais tarde, em 1914, o então presidente Woodrow E. Wilson unificou a celebração em todos os estados, estabelecendo que o Dia Nacional das Mães deveria ser comemorado sempre no segundo domingo de Maio. Uma sugestão dada pela própria Anna Jarvis. Em pouco tempo, mais de 40 países adoptaram a data do segundo domingo de maio, tal como ainda hoje acontece no Brasil, Austrália, Canadá, Dinamarca, Finlândia, Itália, Japão, Turquia e outros.

Os brasileiros costumam chamá-lo de “Dia das Mães”, mas os portugueses preferem o singular: “Dia da Mãe” e, ao contrário do país irmão, celebram-no no primeiro domingo de Maio – hoje, portanto. Antes, em Portugal, o Dia da Mãe foi comemorado, durante muito tempo, a 8 de Dezembro, no mesmo dia da Imaculada Conceição, a celebração da concepção de Jesus Cristo através da Virgem Maria. Não se sabe precisar quando a comemoração passou para o mês de maio, porém o seu significado manteve-se, pois segundo a tradição católica, maio é o mês de Maria, a mãe de Cristo. A nossa vizinha Espanha também já celebrou as mães a 8 de Dezembro e comemora agora, tal como cá, no primeiro domingo de Maio. Moçambique, Cabo Verde, Angola, Lituânia e Hungria são outros países que escolheram celebrar o dia da mãe no mesmo dia que nós e Espanha.

Para homenagear as mães, Colômbia, França e Suécia preferem o último domingo de Maio. Já na Índia, a celebração das mães dá-se em outubro, assim como na Argentina e na Bielorrússia. A Noruega escolheu Fevereiro. A Bélgica e a Costa Rica, tal como nós, também homenageiam a mãe de Jesus, celebrando as mães a 15 de Agosto, data que marca a Assunção da Virgem Maria – ou seja, quando a mãe de Cristo ascende aos céus para se juntar ao filho.

Voltando aos Estados Unidos, o sonho de Anna Jarvis foi realizado, mas, inesperadamente, o Dia das Mães tornou-se numa data triste para ela. A popularidade do feriado fez com que se tornasse um dia lucrativo para os comerciantes, principalmente para os que vendiam cravos brancos, flor que simboliza a maternidade. “Não criei o dia das mães para gerar lucro”, afirmou, furiosa, para um jornalista, em 1923. Nesse mesmo ano, ela entrou com um processo para cancelar o Dia das Mães, mas sem sucesso. Anna passou praticamente toda a vida a lutar para que as pessoas reconhecessem a importância das mães. Na maioria das ocasiões, utilizava o próprio dinheiro para levar a causa adiante. Proclamava que as pessoas não agradeciam frequentemente o amor que recebiam das suas mães. “O amor de uma mãe é diariamente novo”, afirmou, certa vez. Anna morreu em 1948, aos 84 anos. Recebeu cartões comemorativos vindos de todo o mundo, por anos a fio, mas, ironicamente, nunca chegou a ser mãe.

Este dia, tal como aconteceu com Anna na sua génese, não serve apenas para celebrar as mães vivas, mas também para homenagear as que já partiram, como é o meu caso. O que não é fácil… Apesar de ter passado mais de um século, este amor, que foi oficialmente reconhecido no início do século XX, é o mesmo amor que é celebrado hoje e cabe, a cada um de nós, fazer deste um dia muito especial.

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