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Povo

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O povo, o povo, o povo. Não falta quem discurse dizendo-se do povo, nascido do povo, a voz do povo. Quem seja eleito pelo povo, por causa da conversa à volta do povo, e desbarate depois muito do pouco que o povo tem. Irresponsáveis que juram que todos os absurdos financeiros foram criteriosamente sopesados a pensar no povo. E que quando o povo é chamado a pagar encargos redobrados, porque o dinheiro não nasce das árvores, garantem que a culpa é da Europa, da Direita, dos insensíveis que sacrificam o povo, o povo, o povo.

Portugal tem índices de corrupção acima da média da União Europeia. O facto agrava-se, quando se percebe a complacência com que tantos encaram o fenómeno e repetem escolhas em eleições, que mandaria a racionalidade fossem tidas sem perdão. Raros são os casos que acabam tratados com a justiça devida, nas frágeis teias da lei. Sendo que, respeitando a presumida inocência que a Constituição impõe, seria suposto não serem precisas conclusões jurídico-criminais para sancionar devidamente, aos olhos da decência, condutas que, só por si, politicamente já dizem tudo.

O caso Manuel Pinho não é só mais um triste exemplo da nossa maltratada República. Revela como parcelas do poder se transformam recorrentemente em consulados absolutamente alheios ao interesse geral.

É evidente que um ministro da Economia em exclusividade indicado para um Governo socialista por sugestão do dono de um banco, recebendo em segredo pagamentos avultados depositados numa offshore, tendo como primeiro-ministro José Sócrates, que Arons de Carvalho acha normal viver dos milhões dos empréstimos recebidos de amigos que nunca declarou, enquanto publicitou os poucos milhares pedidos à CGD, para prova instrumental da sua pobreza austera, é simplesmente inaceitável e inqualificável. Como é a ruína da CGD, por causa de empréstimos alucinados, concedidos sem garantias capazes por Armando Vara, para financiamento de negócios estratosféricos em benefício de alguns apenas, cuja identidade se mantém em segredo, porque a salvaguarda do nome do prevaricador pesa mais do que os sacrifícios exigidos aos contribuintes chamados a pagar os prejuízos. Ou que, no setor da energia, responsáveis por pareceres favoráveis à construção de barragens desnecessárias, que destruíram parcelas irrepetíveis do nosso património natural, tenham sido chamados à administração das empresas que as construíram, ou gerem, sem que se percebam as habilitações, ou gritem os conflitos de interesses.

Para que isto se entenda, não deveriam ser necessárias comissões parlamentares de inquérito.

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