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Portugal prepara-se para ameaças ao setor do vinho

Portugal integra um projeto financiado pela União Europeia em quase cinco milhões de euro que tem como objetivo enfrentar as potenciais ameaças das alterações climáticas a setores agrícolas como o do vinho.

O projeto, designado MED-GOLD, começou já em dezembro de 2017 e foi apresentado em Vila Nova de Gaia, no quadro da sua primeira assembleia-geral.

O MED-GOLD destina-se aos setores do vinho, azeite e trigo duro e a Sogrape “representa o setor vitivinícola europeu”, com a perspetiva de este ser “mais competitivo e adaptável aos efeitos das alterações climáticas”, explicou o enólogo e administrador daquela empresa Miguel Pessanha.

O diretor de Inovação e Desenvolvimento da Sogrape, António Graça, referiu que este projeto incide sobre “os três principais setores agroalimentares da bacia mediterrânica”, o que explica o envolvimento também da Itália, através da empresa Barill, para o trigo duro, e da Espanha através da cooperativa andaluza DCOOP, para o azeite.

A coordenação científica é de Luigi Ponti, da agência italiana para o desenvolvimento sustentável, o qual acrescentou que o MED-GOLD “é o maior projeto europeu para a aumentar a resiliência das cadeias agroalimentares”, o que passa por “dar valor ao manancial enorme de dados” que sistemas de observação da Terra recolhem hoje.

Luigi Ponti reforçou ser crucial “a valorização do investimento que os poderes públicos europeus fizeram” nesse campo científico, fornecendo aos agentes interessados informações sobre o impacto potencial das mudanças climáticas na sua atividade económica.

“A União Europeia identificou uma lacuna entre a criação de dados científicos e a geração de valor”, resumiu.

O MED-GOLD, de acordo com um documento fornecido à comunicação social, pretende recolher, avaliar e caracterizar “séries históricas sobre observações do tempo e do cultivo, que servirão de base para a criação de modelos matemáticos e, a partir destes, para realizar previsões sobre anos agrícolas.

Com essas científicas, empresários, gestores e técnicos poderão tomar decisões sobre “plantações de vinhas, escolhas de locais e de castas e porta-enxertos ou de planeamento operacional de cada campanha, aprovisionamento, vindimas e outras decisões”, explicitou António Graça.

“A utilização de informação climática, que pode incluir previsões para os próximos meses ou até mesmo projeções relativamente ao estado do clima nos próximos 20, 30, 50 anos, é essencial para o desenvolvimento de ferramentas de apoio à decisão”, reforçou a perita Marta Soares, da Universidade de Leeds.

O MED-GOLD é um projeto para durar quatro anos, financiado a cem por cento pela União Europeia, no âmbito do Horizontes 2020, e as ferramentas que forem desenvolvidas ficarão disponíveis “para toda a comunidade de utilizadores”.

“As universidades de Aveiro, Trás-os-Montes e Alto Douro, Porto e Braga estão colaborar com o projeto e provavelmente outras se seguirão”, informou também António Graça

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