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Pintura portuguesa do século XVI exposta em Londres

Uma das oito pinturas que compõem um retábulo do século XVI do pintor português Garcia Fernandes está em exposição na feira de arte Frieze Masters, que decorre em Londres.

A obra, datada de 1520-1530, foi cedida por um colecionador privado do Porto que a adquiriu recentemente, tendo sido propriedade no passado dos Duques de Palmela e, mais recentemente, do antiquário António Trindade.

No ano passado, esteve exposta na mostra “Lisboa Cidade Global” no Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) e, segundo o negociante de arte Álvaro Roquette, “faz parte das obras primas da pintura portuguesa”.

“Trouxemos a esta secção da feira, que é focada em Arte Antiga, para mostrar que também tivemos bons mestres”, justificou, em declarações à agência Lusa.

Juntamente com Pedro Aguiar-Branco, gere a galeria AR-PAB, que tem lojas em Lisboa e Paris, e que é especializada em peças de arte produzida para os portugueses nos séculos XV a XIX, nomeadamente na Índia, Ceilão, China, Brasil, Benim ou Serra Leoa.

Este ano, a AR-PAB foi convidada a estar entre os sete antiquários na secção Collections da Frieze Art Fair, onde são feitas apresentações seletivas de obras e objetos singulares, abrangendo milhares de anos.

A escolha do quadro de Garcia Fernandes (1514-1565), intitulado “O Nascimento da Virgem”, prendeu-se com a referência que também tem ao passado colonial português, ao ter entre as figuras retratadas um africano.

“Nós especializamo-nos em objetos que representam encontros culturais”, vincou Pedro Aguiar-Branco.

Para estar presente na feira, mesmo sem estar à venda, foi necessária uma licença de exportação temporária, sem possibilidade de venda, da Direção Geral do Património Cultural, devendo o quadro regressar a Portugal no fim da exposição.

Garcia Fernandes é um pintor português do século XVI, contemporâneo de Gregório Lopes e Cristóvão de Figueiredo, que trabalhou com os mestres Francisco Henriques e Jorge Afonso.

A pintura faz parte de um retábulo de oito, das quais cinco estão dispersas por herdeiros da coleção Palmela e outras duas pertencem a colecionadores privados, desconhecendo-se o paradeiro da oitava.

Das obras do pintor, muitas inseridas nas listas de classificação como bens de interesse nacional, consta o “Tríptico da Aparição de Cristo à Virgem”, da coleção do MNAA, e a “Anunciação da Virgem”, do Museu Nacional Machado de Castro, em Coimbra.

São também conhecidos e atribuídos a Garcia Fernandes o políptico da Igreja de S. Francisco de Évora, os retábulos de Ferreirim, “A Morte da Virgem”, do Museu Nacional Grão Vasco, em Viseu, “Santíssima Trindade” e “Transfiguração”, ambos da coleção do MNAA.

No espaço da feira, a AR-PAB tem objetos do final do século XV ao século XVIII provenientes de África, de regiões onde hoje se situam o Benim, Sierra Leoa e Sri Lanka, bem como do Japão, China e Brasil, em materiais como madeiras exóticas, marfim, metais precisos, madrepérola ou porcelana.

A Frieze Masters, que decorre em paralelo com a Frieze Art Fair dedicada à arte contemporânea, concentra mais de 130 galerias de todo o mundo, apresentando desde arte antiga aos velhos mestres que vão até o final do século XX.

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