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Partiu? Deixai-o partir!

Se por mera hipótese um filho meu tivesse partido de casa por alguma razão, eu forçosamente teria de me interrogar sobre os motivos da execução do seu acto voluntário.

Por deformação profissional, teria de utilizar o interrogativo “por que” fez ele isto, em que o termo é formado por duas palavras. A resposta poderia vir de mim próprio ou do filho com uma conjunção causal “porque”, que surge numa única palavra.

É tão importante a interrogação,pois os motivos ou as razões da partida vão ser plasmados na justificação.

Ninguém perguntou por que foi a partida.

A resposta veio sempre como conjunção causal. Parti porque o sistema não responde às minhas preocupações e penso que é preciso fazer algo para o mudar.

Num Conselho Nacional ou num Comício do CDS, o militante Avelino Ferreira Torres, há anos, dizia a propósito da saída de certos militantes do CDS, com algum peso na estrutura partidária, afirmava a frase com que encimei este meu artigo.

É forma simples da despedida sem qualquer interrogação prévia.

Lucas Pires saiu para o PSD, porque o seu nacionalismo neo-liberal não foi compreendido à época e ele acabou por dizer que para o Partido se afirmar era preciso “O CDS falar mais alto”.

Depois foram Manuel Monteiro, Freitas do Amaral, Basílio Horta.

O acrescentamento de PP ao CDS não agradou aos pais do CDS a que veio juntar-se também a expulsão do PPE, durante o consulado da Monteiro.

Não surpreende que os dirigentes carismáticos do CDS tenham enfileirado pelo PS, porque a Europa do pós-guerra foi reconstruída pela Democracia Cristã e pelo Socialismo Democrático, desde Conrad Adenauer até Willy Brandt.

Esta foi a resposta que me foi dada por Freitas do Amaral numa conferência, a qual teve também uma pergunta rectórica do fundador do CDS. Perguntou ele se eu achava que o actual CDS/PP tinha ou tem alguma coisa a ver com a Democracia Cristã.

Basílio Horta seguiu-lhe as peugadas, como outros Democratas Cristãos haviam estado no Governo Socialista de Guterres, tais como,Vitor Sá Machado, Rui Pena, Luís Barbosa, etc.

Uma das referências da Democracia Cristã, das poucas existentes no interior do CDS/PP, partiu sem ninguém questionar o “por que”.

Ribeiro e Castro partiu!

Ouviu-se da parte de quem partiu o “porque” mas o silêncio de quem deveria colocar o “por que” foi “ensurdecedor.

Um dos fundadores do CDS, o fundador da FTDC (Federação dos Trabalhadores Democrata Cristãos), aquele que teve vários cargos governativos, aquele que tem preocupações sociais diferentes dos Conservadores e dos Liberais, partiu.

Aqui recordo a frase do militante Avelino Ferreira Torres: partiu? deixai-o partir!

Esta é a minha tristeza e, num momento de pré-campanha eleitoral, com a aproximação da escolha dos candidatos para as listas de deputados, ninguém quer comprometer-se com o “por que”, pois no momento em que colocar o interrogativo está a auto-excluir-se das possíveis candidaturas.

Fora deste contexto, muitos militantes teriam exigido o “por que” muito antes do “porque” de Ribeiro e Castro.

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