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Para lá do sound bite

A sondagem sobre as intenções de voto dos portugueses para as próximas eleições legislativas feita pela Eurosondagem para o Expresso e SIC, revela um empate entre a coligação PSD / CDS e o PS. Demonstra também que coligados, PSD e CDS, são mais fortes do que com candidaturas independentes, caso em que o PS teria uma vantagem.

Se por um lado tivemos um governo que durante quatro anos se viu obrigado a tomar medidas altamente controversas, polémicas e duras para todos os portugueses, fruto do estado a que o despesismo dos sucessivos governos Sócrates – de que António Costa fez parte – nos deixaram, e já com a Troika no país, por outro hoje conseguimos colocar dívida portuguesa a dez anos à mais baixa taxa de juro de sempre (abaixo da taxa de juro conseguida, por exemplo, pelos EUA), permitindo antecipar o pagamento à troika de parte da dívida, obtendo uma poupança de cerca de 500 milhões de euros. É certo que há ainda um longo caminho a percorrer, que não podemos entrar em euforias, que temos que manter o rigor, mas os portugueses vêm a luz ao fundo do túnel. Todos nós começamos a ver que os sacrifícios feitos começam a dar resultados e que, com rigor, repito, podemos começar a aliviar as medidas.

A semana de António Costa não parece ter-lhe corrido bem. Mas eu discordo. Acho que esta semana correu como todas as outras. António Costa é um produto político criado desde os 14 anos, que sobreviveu entre facadas e traições no seio de um PS que não conseguiu trazer quadros capazes para substituir a geração fundadora. Para lá dos sound bites que gosta de proferir, muito poucas verbalizações conseguem ter a consistência de uma ideia, uma alternativa ou, sequer, de uma oposição. António Costa congratula-se com os resultados eleitorais da Grécia para, depois, perante os factos ter que reconhecer que a Grécia ter que cumprir, mudando o discurso para uma singela declaração de “necessidade de mudança das políticas de austeridade”. António Costa candidato do PS às legislativas é o mesmo que não quer deixar a presidência da câmara de Lisboa – admitindo fazê-lo apenas depois das eleições – mesmo quando se levantam vozes no interior do PS contra tal decisão. António Costa reconhece perante uma plateia de chineses investidores em Portugal, que a nossa situação atual está melhor que em 2011. Se, por um lado, Costa não quisesse dizer exatamente isso apesar de a boca lhe ter fugido para a verdade, por outro não deixa de reconhecer que um governo liderado por ele não teria tido outras medidas alternativas, perante o estado em que o país se encontrava. Mas tais declarações causaram um profundo mau estar no seio do PS que incluiu o anúncio do histórico Alfredo Barroso de ter intenção de abandonar o partido.

E assim os portugueses conseguem ver o vazio de ideias, a falta de alternativa e o enorme flop que António Costa é. Não pelo sound bite das afirmações perante a comunidade chinesa, mas pela desconfiança que têm de Costa.

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