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“O rapaz do rio” de Tim Bowler

Ficha técnica

Título – O rapaz do rio

Autor – Tim Bowler

Editora – Editorial Presença

Páginas – 158

Opinião

Jess é uma adolescente que adora nadar, adora a sensação de furar a água, de quebrar a resistência do elemento aquático e dar braçadas atrás de braçadas até sentir que o seu corpo já não aguenta mais. Vive com os pais e o avô paterno, com quem tem uma relação especial, única.

No início da narrativa, enquanto Jess faz umas piscinas atrás das outras, o seu avô sente-se mal, tem um ataque cardíaco que o vai debilitar seriamente e deixá-lo com poucas hipóteses de sobreviver por muito tempo mais. Mesmo assim, obriga o filho e a nora a manterem os planos de passar férias no local onde nasceu para que possa levar em diante a sua última vontade. Será aí, junto a um rio que viu o seu avô crescer e perder a família num incêndio, que Jess se deparará com a cruel evidência de que o velho rezingão e de temperamento tempestuoso que ama incondicionalmente não regressará a casa, e que a sua morte será uma perda devastadora para si e para o seu pai. Contudo, os últimos momentos que desfrutará ao lado do seu avô serão também cruciais para conhecê-lo ainda melhor, para entender que aquele rio que corre junto da casa de campo onde estão alojados, que a atrai com um magnetismo a que não resiste, teve um papel importantíssimo na infância e juventude do ancião e que aquele jovem que lhe aparece em recorrente visões lhe anseia contar isso muito mais.

Esta leitura foi, como o são todas as obras que abordam a relação especial entre avós e netos, muito pessoal e pintou-se de uma explosão de sentimentos e lágrimas. Com esta leitura, regressei à minha infância, à relação estreita e única que tive com os meus velhinhos e senti-os sempre muito pertinho de mim. Senti como se fosse minha a dor de Jess perante a certeza de que o seu avô não estaria por muito mais tempo com ela, sofri por ela e por mim e acompanhei de nó na garganta os últimos momentos de cumplicidade, de amor, de travessura e de carinho de uma ligação que, apesar de rompida pela morte, nunca se desfaz, nunca abandona o neto ou a neta que teve o privilégio de conviver com avós e avôs rezingões ou afáveis, analfabetos ou letrados, travessos ou amorosos.

É por tudo o que referi e por mil e outras razões que continuo apaixonada pela literatura infantil e juvenil, por narrativas curtinhas e simples, mas que me agarram, me agasalham e me agitam como o fazem muito poucas narrativas adultas. E é por tudo o que referi que recomendo e rogo que leiam esta e outras obras tão belas como esta!

NOTA – 10/10

Sinopse

Plano Nacional de Leitura

Livro recomendado para o 3º ciclo, destinado a leitura autónoma.

As grandes paixões de Jess eram o avô e a natação. Fora por isso que ficara radiante quando soubera que ia passar alguns dias de férias à casa onde o avô vivera a sua infância. Mas a alegria desvanece-se quando Jess descobre que o avô se encontra em estado terminal. Mesmo assim, o velho senhor parece estranhamente empenhado em terminar um quadro enigmático a que dá o nome «O Rapaz do Rio». Ao tentar ajudá-lo nesta última tarefa, Jess acaba por se deixar envolver pela tela, descobrindo a sua íntima relação com a vida do avô… Através de uma linguagem profundamente poética, Tim Bowler traça afinal neste seu «O Rapaz do Rio» uma metáfora sobre a vida, a morte e a perda e o crescimento interior que esta pode vir a despoletar. Uma obra galardoada em 1998 com a ‘Medalha Carnegie’. A não perder!

in O sabor dos meus livros

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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