Se eu pudesse escolher teria todo o vento por senhor
Mandado por ser mandado ia ao menos ao sabor…
Sentir-me-ia na mesma como o agreste da flor
Quem nasce na serra livre acaba onde o vento for
Quem nasce na terra livre semeia vento onde for
Se eu pudesse escolher seria ainda assim filho do vento
Teria na minha mão um chicote – o pensamento
As ordens que ele me desse acatava-as no momento
Quem nasce na terra escrava não saboreia o relento
Quem nasce na terra escrava fará escravo rebento
Eu nasci na terra livre; de ser livre não me esqueço
Não dou ordens a ninguém mas também não obedeço
Tomo limpo o ar da serra, se sou um lobo pareço
Quem veste a pele verdadeira um dia paga-lhe o preço
Quem veste a pele verdadeira um dia paga-lhe o preço!