De que está à procura ?

Comunidades

O português que ganhou um Grammy

Radicado há 10 anos nos EUA, mais concretamente em Portland, no estado de Oregon, André Allen Anjos nasceu em Santa Maria da Feira há 32 anos. É filho de Elizabeth Allen, uma norte-americana casada com Arménio Anjos, um português natural de São Jacinto, Aveiro, revela o jornal Correio da Manhã.

O pai do produtor praticou atletismo e estudou nos EUA, país ao qual regressou recentemente e onde continua ligado à indústria desportiva. Mas muito antes disso, nos anos 80, Arménio e Elizabeth instalaram-se em Portugal, na zona do Porto. A família viveu também noutros lugares, como Coimbra e Figueira da Foz. Em Portugal nasceu primeiro André (em Santa Maria da Feira) e dois anos depois Josiah Anjos, o irmão mais novo, que agora é engenheiro de software e vive em Washington.

Já André escolheu a música, vocação natural que desde tenra idade o fazia dedilhar teclados e guitarras com paixão. “Por volta dos seis anos comecei a ter aulas de música e aprendi a tocar piano e, mais tarde, creio que por volta dos catorze, tive uma guitarra e comecei a tocar. Tocava dias a fio, sobretudo canções dos Nirvana. Tive várias bandas de rock, fiz atuações em Portugal… Fiz aquele percurso todo típico de um adolescente que sonha ser músico”, conta via telefone desde Portland, onde agora reside com a mulher, Liz, e onde tem sedeado o seu projeto de produção musical, RAC.

Criado entre duas culturas muito diferentes, o produtor acredita que foi essa multiculturalidade que o levou a depurar a sua própria identidade através da música. “Por um lado tive acesso a uma multiplicidade de referências culturais e musicais, o que é extremamente enriquecedor. Mas por outro lado, a música foi a minha forma de expressão face a um certo desenquadramento na adolescência. Nunca me senti bem português e também nunca me senti bem americano. Durante uns anos não sabia bem quem eu era e isso arrastou-me para a música. Era a fazer canções que me encontrava”, recorda sobre esses tempos vividos em Portugal. Foi também nessa altura que descobriu a eletrónica e o talento para as remisturas, cuja originalidade foi premiada pela exigente indústria discográfica norte-americana: “Tinha um computador em casa e comecei a fazer experiências. O que mais me fascinou foi o facto do computador poder ser a minha própria banda”, explica o produtor que ganhou o Grammy (para melhor remistura) precisamente com uma releitura do tema ‘Tearing me up’, de Bob Moses.

O processo é simples: são as editoras destes artistas consagrados que contactam e convidam André para fazer as versões eletrónicas dos seus artistas e que, depois, põem meio mundo a dançar nas discotecas. Mas a verdade é que a sorte de André Anjos só se começou a desenhar em 2005, aos 20 anos, quando se mudou de armas e bagagens para os Estados Unidos para estudar música. Em boa hora o fez. “Eu estudava ainda no liceu em Santa Maria da Feira e sentia-me desmotivado, não sabia bem que rumo tomar. Interrompi então o liceu para me dedicar à música e divulgá-la online. Fi-lo durante um ano e meio mas nada acontecia. Tive então a oportunidade de vir estudar música para o Greenville College nos Estados Unidos. Aproveitei a vantagem de ter dupla nacionalidade e instalei-me em Greenville, no estado do Illinois”, lembra. Foi o início de uma vida diferente. “Portugal é mais tranquilo. Nos EUA tudo é mais desafiante”, compara.

TÓPICOS

Siga-nos e receba as notícias do BOM DIA