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O papel do associativismo nas eleições europeias

O movimento associativo pode e deve ser o primeiro interessado em dar o seu contributo para esclarecer os Portugueses da importância de participarem nas próximas eleições europeias, em finais de maio de 2019, para defender a Europa daqueles que a querem destruir, que são, principalmente, a Extrema Direita racista, xenófoba e anti-emigração, que quer repor as fronteiras e acabar com a solidariedade entre os povos.

É verdade que muitas associações não têm o hábito de promover debates ou mesmo a difusão de informação de esclarecimento quando se trata de questões políticas, limitando-se a ter as portas abertas para que os Portugueses se encontrem e desenvolvam atividades em torno da gastronomia, folclore e do desporto.

Em muitos casos rejeitam mesmo liminarmente a política, o que é errado, porque é através dela que se pretende apoiar a comunidade e torná-la mais forte.

Mas também há associações, tanto as mais recentes como algumas já com história, que se preocupam com a participação cívica e política e o reforço da cidadania. E isto é importante, pois é uma forma de criar consciência para os problemas e de, assim, proteger a Comunidade e cada um dos seus membros e de ir ao encontro das suas necessidades e expetativas.

Mas os tempos complexos que vivemos interpelam-nos a todos e a todo o tipo de associações. Mesmo aquelas que têm estado arredadas, sob os mais variados pretextos, da sensibilização cívica e política.

As eleições anteriores para o Parlamento Europeu têm despertado um interesse cada vez menor, o que talvez esteja entre as razões que fazem com que agora a União Europeia, que protege os cidadãos comunitários e tantos direitos de cidadania lhes consagra, esteja a passar por um período difícil em virtude do avanço muito perigoso dos partidos extremistas, de natureza nacionalista, racista, xenófoba, anti-emigração e fechados sobre si próprios. Quando estes Partidos e movimentos ganham preponderância, os estrangeiros são sempre os primeiros a serem perseguidos, mesmo sendo da União Europeia, como recentemente aconteceu na Alemanha, particularmente em Chemnitz.

Se olharmos para o panorama da União Europeia, verificamos com pavor a influência cada vez maior dos Partidos extremistas que defendem aquelas ideias, ao ponto de hoje como nunca vermos um ressurgimento de uma ideologia neonazi, cada vez mais há vontade e a dizerem coisas que ninguém se atreveria a há poucos anos. E estes acontecimentos estão a tornar-se cada vez mais frequentes e banais, a ganharem normalidade, o que é assustador. Por isso os europeus devem reagir e sair de uma certa letargia em que se encontram para defender aquele que é o projeto mais generoso, aberto e democrático que junta várias nações, para evitar que a prazo se desmorone este edifício que se ergueu nos escombros da II Guerra Mundial, precisamente como projeto de paz e para garantir o entendimento entre os povos.

É por isso que nenhuma associação, perante os tempos extremamente ameaçadores que vivemos, na Europa e fora da Europa, pode demitir-se de dar o seu contributo para impedir que estas forças que querem destruir a Europa consigam os seus objetivos.

Quando a Rússia, mas também os Estados Unidos, estão apostados em enfraquecer a União Europeia, isto só pode provocar um sobressalto cívico de todos para a defender. Quando vemos o atropelo constante das liberdades e do Estado de Direito em países como a Hungria e a Polónia, não podemos ficar indiferentes. Quanto assistimos aos populismos xenófobos em Itália e ao perigo que representa o clã Le Pen em França ou à subida assustadora da Extrema Direita nos países escandinavos, só podemos ficar em estado de alerta. Isto sem contar com o Brexit ou as pulsões nacionalistas que acontecem em vários países, mais do que suficiente para ficarmos aterrados com as consequências do que tudo isto pode ter para o futuro próximo.

Portanto, seria muito importante que as associações passassem a preocupar-se com as questões políticas e com a Europa, uma vez que assim estarão também a defender os seus interesses pessoais e os das Comunidades a que pertencem.

E podem ser ativas alertando os seus sócios e frequentadores para a necessidade de votarem e participarem no esclarecimento sobre a defesa do projeto europeu que tantos direitos trouxe aos emigrantes, como o de se estabelecerem e de residirem noutro país da União Europeia, a igualdade de direitos laborais, o de votar e de ser eleito em eleições locais, a liberdade de circulação sem o constrangimento das fronteiras, entre outras coisas.

A União Europeia precisa, claro, de ser aperfeiçoada em permanência como qualquer sistema político. Mas não perceber que hoje, mais do que nunca, é preciso defendê-la, é contribuir para o enfraquecimento dos direitos e liberdades dos povos, é dificultar a realização dos objetivos de progresso e desenvolvimento partilhados, é preparar o caminho para o regresso das fronteiras, conquistas que os tratados europeus foram consolidando ao longo das seis décadas de existência.

As associações portuguesas não podem ficar indiferentes aos tempos extraordinariamente perigosos que na Europa vivemos. Têm de agir.

 

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