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O padre de ferro português

O padre Ismael Teixeira, conhecido como ‘ironpriest’ (padre de ferro), recordou com “grande emoção” a passagem na meta da ‘Ironman’ de Copenhaga, a sua primeira prova de triatlo de longas distâncias, onde cumpriu um “sonho” pessoal.

“Desatei a chorar, ajoelhei-me a rezar, beijei o chão dessa terra onde fiz a primeira loucura desportiva, como forma de agradecer a Deus”, recordou hoje à Agência ECCLESIA o primeiro sacerdote no mundo a completar uma prova do género.

11 horas, 13 minutos e 49 segundos foi o tempo do padre Ismael Teixeira na Dinamarca, tendo ficado em 910.º lugar da geral, entre 2848 atletas.

Foram 3800 metros a nadar, 180 quilómetros de bicicleta e uma maratona (42,195 quilómetros), pelo que o padre Ismael Teixeira considera que agora a alcunha ‘ironpriest’ (padre de ferro) lhe “assenta bem”.

“[Deus] Levou-me ao colo em várias partes da prova, senti isso mesmo. Só isso explica ter superado todos os tempos que tinha proposto. Na maratona sofri muito e várias vezes veio a vontade de andar em vez de correr”, conta o sacerdote.

O vigário paroquial (coadjutor) da igreja de Santa Isabel, em Lisboa, cruzou a meta, no último domingo, com “grande emoção” e a “sensação do sonho cumprido”.

Para o sacerdote, que desde a sua infância em Trás-os-Montes praticou vários desportos, o triatlo é o “mais completo” que um cristão, “alguém que acredita no mistério da Santíssima Trindade” – Pai, Filho e Espírito Santo -, pode praticar.

“Vejo uma prática que me ajuda a louvar este mistério de amor que é este Deus Trindade, que nos ama infinitamente”, acrescentou o entrevistado.

O ‘ironpriest’ português aproveita os treinos e as provas para contar “orações, Ave-Marias, Pai-nossos”, até porque um “homem de fé” também passa por dificuldades.

“A oração é o ‘doping’, sobretudo na parte da natação, em que tenho mais medo, é a minha parte mais fraca. Claramente, é fundamental ser homem orante, encontro forças para seguir sempre adiante”, disse o sacerdote, assinalando que também reza pelos outros atletas.

Na última prova, teve mesmo vários pedidos de oração, um sinal “ótimo” da presença da Igreja Católica no desporto, em campos onde “os homens procuram alegria, vida saudável”.

Neste contexto, já sugeriu ao cardeal-patriarca de Lisboa a criação de um departamento dedicado ao desporto.

“Acho importante, porque tenho tido um feedback muito positivo das pessoas que me conheceram no campo do desporto e voltam a olhar para a Igreja como lugar de amor, de misericórdia”, desenvolveu o padre Ismael Teixeira.

O sacerdote considera que “o desporto também é lugar de evangelização, pastoral” e incentiva os párocos a associar-se às iniciativas que se realizam nos seus territórios, dado que “muitos eventos estão associados a causas de caridade”.

Para o também professor universitário, a preparação desportiva sistemática ajudou a “organizar melhor” a agenda para tentar “conciliar tudo, mas ainda assim às vezes falta aos treinos, porque o mais importante na sua vida é “ser padre”.

Aos 41 anos de idade, o padre Ismael Teixeira cumpriu também o “sonho” de tornar-se atleta do Sport Lisboa e Benfica, o seu “clube do coração” desde criança, “uma parceria ideal” onde tem acesso a todos as estruturas que estão disponíveis para os outros atletas.

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