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O coelhinho de chocolate

Inicialmente pensei em escrever uma crónica sobre a “Operação Marquês”, mas como já toda a gente escreveu sobre esse acontecimento sofístico-luvístico, achei por bem falar de outra coisa, para desintoxicar um pouco os leitores e também porque esta história ainda tem muitas temporadas pela frente, tal como qualquer novela que se preze. Assim, para desenjoar, resolvi fazer uma breve resenha histórico-rural do principal partido da oposição, o PSD, uma vez que a espécie Coelho se enquadra perfeitamente com o período que se avizinha: a Páscoa!

Era uma vez um Carneiro e um Pinto que nasceram numa quinta governada por um humilde lavrador de Santa Comba Dão, de seu nome Tio Salazar Papão. O Tio Salazar Papão tinha um espírito de grande simplicidade e a sua maior aspiração era que ninguém o incomodasse na sua labuta diária com os dissidentes do campo. Um dia ao mugir uma vaca, o Tio Salazar Papão caiu do banco abaixo e bateu com a cabeça numa coisa dita dura, ficando inválido para a lida das vacas, cabritos e restantes afazeres campestres. Como não tinha família a quem deixar a quinta, que se chamava “Portugal dos Pequenitos” esta passou para as mãos de “Seu Marcello”, encarregado das plantações mais afastadas da casa principal, que se situavam depois de um imenso lago de regadio. Contudo, no dia 25 de Abril de 1974, chegaram à quinta os inspectores das actividades agrícolas, que logo constataram que o gado que ali vivia, trabalhava horas a mais, habitava em currais sem o mínimo de condições de higiene e salubridade, e não podiam zurrar, relinchar nem cacarejar muito alto.

A quinta transitou logo para as mãos de alguns amigos dos senhores inspectores, por posse administrativa. Mas como a confusão era muita, o Carneiro e o Pinto resolveram fundar um partido que agregasse os interesses de parte dos animais da quinta, para que pudessem gerir de uma forma social-democrata os destinos desta promissora terra situada na latitude 39º 30’N e na longitude 8º 00’W. O problema era que teriam de agir rápido antes que outros animais lhes roubassem a ideia, não fossem as galinhas da quinta começar a olhar reflectidamente para o milho, e porem-se a pensar porque é que ele não estava partido, já que com ele partido seria mais fácil encher o papo. Por mero acaso, descobriram uma Mota encostada a um sobreiro, com uns autocolantes colados ao depósito que diziam “Looking for Maddie”.

Encavalaram-se os dois em cima da Mota e foi assim que conseguiram chegar a tempo à portaria da democracia, mesmo ao lado do poço da ditadura, e fundar o PPD/PSD. O que eles ainda não sabiam (porque o Bill Gates nessa altura era ainda um jovem hippie de gadelhas compridas), é que as versões “demo” de qualquer programa são sempre muito incompletas, sendo necessário adquirir a versão original para que os programas de governo de uma nação possam evoluir para níveis de maior desenvolvimento social, humano, económico e político. Ora acontece que, por essa altura, a quinta “Portugal dos Pequenitos” viu nascer no seu seio muitos mais partidos e movimentos políticos, fundados por todo o tipo de animais que por lá viviam, que aspiravam também ao cargo de administradores da quinta. Mas como estamos em vésperas da Páscoa, ficamo-nos pelo coelhinho de chocolate, que tem provocado cá uma azia às portuguesas e portugueses que nem vos conto. Sim, porque nestas coisas de coelhos de chocolate, há chocolate e chocolate e o coelho do PSD mais parece feito de chocolate fora do prazo…

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