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O adeus de Naide Gomes à alta competição

Naide Gomes, antiga campeã mundial de pista coberta do pentatlo e do salto em comprimento, despediu-se hoje de uma carreira que a deixa muito orgulhosa e na qual encontra uma única lacuna, a ausência de uma medalha olímpica.

“Convidei-vos para anunciar que nós terminámos a nossa carreira, depois de longos anos e de muitos sucessos e também insucessos. Já chorei muito, já ri muito, já rimos juntos, já choramos juntos, mas, principalmente, rimos juntos. Alcancei todo o meu sucesso, graças a este grande treinador, para mim o melhor do mundo […]. Vivemos grandes momentos”, começou por dizer, de lágrimas no rosto, e lado a lado com o treinador Abreu Matos, a recordista nacional do salto em comprimento.

Depois de um longo calvário de lesões, Naide Gomes, que sempre adiou a retirada, foi ‘forçada’ a desistir por ir dar o maior salto da sua carreira: ser mãe. A alegria da maternidade tornou o momento menos doloroso – mesmo que, depois de ver um vídeo com os melhores momentos da sua trajetória, acompanhado da música ‘The Best’ de Tina Turner, tenha soltado: “Não é fácil ver aquelas imagens, faz-me querer saltar.”

Usando várias vezes a palavra “orgulho” para definir o sentimento em relação ao seu palmarés – “Fui a primeira mulher portuguesa a chegar aos sete metros, o que é uma proeza. Estou muito orgulhosa de mim, só tenho motivos para sorrir” -, a atleta do Sporting, que estava afastada das pistas desde 2013, confessou ainda assim que gostaria de ter alcançado mais.

“Um atleta de alta competição quer sempre muito mais. Obviamente gostaria de ter chegado à medalha olímpica. Não o conseguimos, mas acredito que tudo tem o seu porquê. Mas tive uma carreira brilhante, ganhei 11 medalhas, foi uma carreira exemplar”, realçou, garantindo que não teria feito nada diferente.

Entre as recordações, a melhor atleta portuguesa do século XXI destaca duas: a primeira medalha que ganhou, por representar “o início de tudo”, e a última, a prata conquistada no Europeu de pista coberta de Paris (2011).

“Eu não queria ir, porque estava lesionada no pé de apoio. A minha médica disse-me que se eu passasse à final, me dava anestesia. Fui a última a passar à final e fui muito criticada. [Não revelei a lesão porque] não queria passar por coitadinha. Numa grande competição, nunca vejo jornais, nunca vou à internet. Disseram-me o que tinham escrito sobre mim, fiquei possuída e disse ‘vou ganhar uma medalha’. Lembro-me de estar na zona mista e não sentir o meu pé. Mas quando entrei na pista a raiva era tanta e a vontade era tanta que esqueci o pé… e perdi a medalha de ouro por um centímetro”, recordou.

Aos 35 anos e com uma operação ao joelho ainda pela frente, “para poder viver como uma pessoa normal”, a campeã mundial ‘indoor’ de salto em comprimento (2010) e de pentatlo (2004) quer continuar no atletismo, ainda que um regresso à competição seja pouco provável.

“Nunca digo nunca, mas, para já, não. Também já tenho 35 anos. Se não tivesse problemas físicos, voltaria, sem dúvida. O que eu gosto é disto. Gostaria muito de estar ligada ao atletismo, nem que seja como treinadora ou fisioterapeuta, porque tenho uma paixão enorme pelo atletismo”, assumiu.

Naide Gomes, que estava rodeada de amigos como Jéssica Augusto e Susana Feitor, da família e do ex-secretário de Estado do Desporto Laurentino Dias, espera agora que alguém consiga saltar 7,13 metros, para que o seu recorde nacional do salto em comprimento, obtido a 28 de julho de 2008 no Mónaco, finalmente caia.

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