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Mário Soares, ou o reescrever da História

Com todo o respeito que possa ter ou não pelo homem (é problema meu) congratulo-me ver todo o rejubilar e atribuição de sucessos ao falecido Mário Soares:

Ele é a resistência à ditadura e o fim da mesma, ele é a resolução da guerra em África e o fim do colonialismo.

Reescreve-se assim a história e reduz-se à insignificância a vida dos milhares de homens e mulheres que, de forma organizada, resistiram e lutaram contra o Fascismo de Salazar no interior e no exterior do país.

Ignora-se completamente o papel do Movimento dos Capitães de Abril que corajosamente se levantaram naquela mais bela madrugada contra o monstro que a todos nos oprimia.

Trata-se como de insignificante o Movimento das Forças Armadas, esse sim verdadeiro obreiro da democracia, que foi de terra em terra garantindo o fim dos caciques, que criou brigadas de alfabetização, que prontamente libertou do cárcere aqueles que presos tão só pelo crime de pensar.

Numa análise mais fina e mais profunda. Mário Soares foi dos maiores inimigos do povo e dos ideais da revolução de Abril. Os seus objetivos nunca foram tão claros, gabe-lhe a honestidade neste ponto, como no famoso debate que teve com Álvaro Cunhal. Disse-o claramente, para quem o qui ouvir, que nem sempre os Bolcheviques ganham, em Portugal a vitória seria dos Mencheviques. É, aliás, profusamente justificativa disso o livro “Carlucci vs Kissinger: Os EUA e a Revolução Portuguesa” publicado por Bernardino Gomes e Tiago Moreira de Sá na Dom Quixote, com base em comunicações internas do Governo Americano à altura.

À saída da Revolução de Outubro as linhas Bolchevique e Menchevique, nomes circunstanciais para que se traduzem do russo como maioritário e minoritário, divergiam tão só num ponto: os Bolcheviques defendiam que os dirigentes políticos podiam ser originários de famílias com qualquer passado social; enquanto que os Mencheviques se revelaram intransigentes no reservar a regência política às “classes educadas”, leia-se a uma Burguesia elevada ao estatuto de Aristocrata.

Para registo histórico diga-se que contra as orientações da União Soviética, o Partido Comunista Português sempre defendeu que a solução política para Península Ibérica passava pelo derrube, em primeira mão, da ditadura Portuguesa: a circunstância histórica veio confirmar isto.

Lembrar ainda que o único livro a ser de facto proibido em Portugal, e a realmente desaparecer do público, depois da Revolução de Abril foi precisamente uma obra sobre as artimanhas (para me refrear nos vocábulos) do PS de Mário Soares: Contos Proibidos. Livro esse escrito por Rui Mateus, um dos fundadores do Partido Socialista, no já longínquo congresso de Bad Münstereifel, na Alemanha.

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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