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Manifestação contra Bolsonaro em Lisboa

A uma semana das eleições presidenciais brasileiras, a Praça Luís de Camões, no centro de Lisboa, encheu-se de pessoas, cartazes, bandeiras e música, numa manifestação contra o candidato Jair Bolsonaro, para “derrotar o ódio e pregar o amor”.

“Uma manhã eu acordei e ecoava ‘ele não’, ‘ele não’, ‘não, não, não’. Uma manhã eu acordei e lutei contra uma opressão”, ouvia-se, no Chiado, em Lisboa, com a música de “Bella Ciao”, a canção da resistência anti-fascita italiana.

Cantada num português com sotaque do outro lado do oceano, a canção que se tornou símbolo da luta contra Mussolini, em Itália, e a ocupação nazi, foi o mote para a luta contra o candidato da extrema-direita às eleições presidenciais no Brasil.

Mais de 300 pessoas concentraram-se hoje no Chiado para demonstrar o descontentamento contra Jair Bolsonaro, a uma semana da primeira volta das eleições presidenciais brasileiras, que estão agendadas para o próximo dia sete de outubro.

“Somos mulheres, a resistência de um Brasil sem fascismo e sem horror. Vamos à luta ‘p’ra’ derrotar o ódio e pregar o amor”, canta Andreia, 47 anos, alto e bom som, enrolada numa bandeira arco-íris.

À agência Lusa, a brasileira que está há três anos em Portugal, conta que Bolsonaro “luta por um país que seja violento, fascista, antidemocrático, homofóbico”, e que o Brasil não pode “simplesmente suportar este tipo de situação”.

“Vim [à manifestação] porque sou brasileira e portuguesa, e porque, antes de tudo, temos de lutar todos os dias pela democracia, pela nossa liberdade”, sublinhou.

Quanto aos restantes candidatos às eleições brasileiros, “variam entre menos piores e melhores”, mas, na sua opinião, “nem o mais esquisito de todos chega aos pés desse”.

Relativamente ao resultado das eleições, Andreia está convicta de que Bolsonaro, o candidato do Partido Social Liberal (PSL) não será o próximo presidente.

“Acho que ele tem seguidores imbecis, porque não refletem sobre a realidade e até mesmo sobre o que ele propõe, que é quase nada. Basicamente é liberar armas, e vamos matar-nos uns aos outros. E não, ele não vai ganhar, eu confio no povo brasileiro”, considerou.

Na Praça Luís de Camões, as mensagens de “ele não” e “ele nunca” apareceram escritas em cartazes, camisolas e até na pele. Humanos, e também animais, juntaram-se à manifestação que foi convocada de forma espontânea através da internet.

Um dos ‘bichos contra Bolsonaro’ era a cadela Ellie, que trajava de branco, com um arco-íris pintado e as palavras de ordem ‘ele não’.

À agência Lusa, a dona, Paloma, destacou a importância de “falar sobre o que está a acontecer no Brasil”.

Na opinião da jovem de 22 anos, o Brasil vive “uma situação bem complicada”, dado que Bolsonaro quer “impor a ditadura de novo”.

Ainda assim, Paloma tem esperança: “Se for à segunda volta, eu garanto que ele não tem chances de ganhar”.

Lidiane, 40 anos, ajudou a organizar esta concentração. Em declarações à Lusa, apontou que “foi bastante surpreendente” a adesão ao protesto, que “foi muito maior do que se esperava”.

“Estamos muito felizes, porque isso demonstra que mesmo tão longe do Brasil, em tantos lugares diferentes, as pessoas estão preocupadas com a ascensão do fascismo, e estão com intenção de não permitir que isso aconteça”, acrescentou.

Segundo Lidiane, a mensagem que pretendem transmitir é “forte, uma mensagem de paz, de democracia, inclusão”, e que junta “pessoas que votam em diferentes candidatos, de diferentes ideologias políticas, de direita e de esquerda, mas que entendem que esse tipo de proposta, esse tipo de política, esse tipo de representante não é admissível numa democracia”.

Quem também se juntou à causa foi a deputada bloquista Joana Mortágua.

Na opinião da deputada do Bloco de Esquerda, perante a possibilidade de Bolsonaro passar à segunda volta nas eleições de dia 07, este movimento “é muito importante, porque reuniu milhões de pessoas no Brasil e em todo o mundo”.

“Eu tenho a certeza de que a mensagem vai chegar ao outro lado do oceano”, considerou Joana Mortágua, apontando que este movimento “se tornou absolutamente viral”, pode “ser significativo e marcar a diferença no resultado eleitoral”.

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