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Mais uma História Trágico-Marítima

Quando o nosso mais inteligente monarca, D.João II, mandou “demandar terras da India”, nunca imaginou que o Cabo da Boa Esperança viria efetivamente a ser o nosso constante Cabo das Tormentas e não o da esperança renovada para um excelente futuro de Portugal.

Dobrado o Cabo no sul de África, a rota das especiarias abriu-se para os portugueses e com ela a riqueza sonhada.

Mas, a mesma rota, também ela foi sorvedouro de Portugueses, como bem relata a nossa História Trágico-Marítima.

A nossa Política de Circulação, segundo António Sérgio, guiou-nos nos séculos restantes até aos nossos dias, conduzindo-nos à mórbida emigração.

Se a riqueza afluiu a Portugal, tal não significou que a sua distribuição tenha chegado a todos, mas a procura dela foi incessante e fez do pais também “a nação peregrina em terra alheia”.

Estas movimentações populacionais alargaram-se a outros países, naquilo a que se pode chamar a “Primavera dos Povos”, sempre na procura de melhores condições de vida.

Também em África,no Próximo e Médio Orientes,estes “rush migratório” tomou atualmente proporções alarmantes em direção à Europa.

Para Portugal, o Atlântico e o Indico foram os oceanos da preferência, mas agora é o Mar Mediterrâneo que é sulcado por milhares de deserdados da sorte, que procuram no Velho Continente o sonho de alguma prosperidade.

A tendência hoje é de acusar o Ocidente responsável e culpado da tragédia dos espaços geográficos atrás referenciados, sobretudo com a chamada “Primavera Árabe”, que depressa se tem transformado num verdadeiro” Inverno Árabe”.

Mais ao sul, os denominados países africanos, os tais descolonizados a tempo, receberam sete vezes mais ajudas financeiras do que os asiáticos por parte do Ocidente,segundo dados de Jean François Revel.

Estes souberam aproveitar tais ajudas e cresceram de tal modo que,em determinado momento,foi preciso pará-los, retirando-se desses países capitais para investir.

Em contrapartida,os denominados países descolonizados a tempo, preferiram levar para o poder ditadores, que absorveram grande parte das ajudas como verdadeiros sanguessugas ou vampiros,deixando na miséria os povos que governavam.

Quem não se lembra de Mobutu, Amin Dada, Bokassa, etc. ou dos conflitos no Biafra, no Burundi, no Uganda, com Ibos, Tutsis e Hutus, a Guerra no Chade ou no Katanga, ou ainda entre muçulmanos e cristãos no Sudão, a questão do Darfur, o terrorismo na Nigéria, os problemas no Quénia com a Somália, a continuidade da Guerra do Ultramar Português depois da descolonização, etc, etc ???

Juntou-se a queda de ditadores com a “Primavera Árabe”,  a qual incendiou todo o Próximo e Médio Orientes.

O grande Demónio continua a ser o Ocidente, porque quer os ditadores quer os conflitos têm sempre o dedo da nossa cultura e civilização.

Uma esquerda caviar e bem pensante, como gosta de se denominar, alinha nesta acusação,como se fosse a direita do Ocidente o eixo do mal,vestindo a sinistra os vestidos de cambraia alvíssima, como na tivessem a ver com ditadores e conflitos.

A queda do ditador Kadhafi é apontada como a causa próxima do que se passa no Mar Mediterrâneo, porque a intervenção militar do Ocidente no derrube não soube colocar um governo que organizasse e estruturasse o pais.

As diferentes tribos ali existentes,a confrontação entre cidades, é matéria que não interessa abordar, lançando-se o anátema sobre o Ocidente.

A criação do terrorismo internacional por parte dos muçulmanos radicais é culpa do Ocidente,devido à invasão do Iraque pelos americanos,com as respetivas consequências.

Sendo os russos os invasores do Afeganistão ou da guerra na Chéchénia, na Crimeia, na Ucrânia é também da responsabilidade ocidental por influência exercida,tal como o fornecimento de produtos  para a  utilização na guerra química que Assad trava com o Exército Livre da Síria. Mesmo a antiga Jugoslávia e os massacres ali existentes nada têm a ver com o antigo regime, mas é o Ocidente o Demónio.

A questão da Siria de Bachar Al Assad tem despertado mais as atenções porque o ditador resiste e à sua porta com território do Iraque,o lider terrorista Al Bagdadi criou o Califado, que jura chegar à Peninsula Ibérica, atravessando de novo as Colunas de Hércules ou Gibraltar, para recriar o Al-Andanluz e apoderar-se do Al-Garb.

Certamente um novo Charles Martel vai fazer-lhe frente em Poitiers.

O Estado Islâmico ou Daech é outra criação ocidental e sempre dos americanos e nada tem a ver com a luta entre Sunitas e Xiitas,derivada do Cisma Medieval, como nada tem a ver com a interpretação única do Corão,por parte do Salafismo Sunita, para um Islão visando a Oumma, ou seja, um Estado Islâmico fora das fronteiras do espaço tradicional e, se possível, Universal.

Este morticínio nada tem a ver com o “imperialismo ocidental” de exploração,pois trata-se de muçulmanos contra muçulmanos.

O “Mare Nostro” como os Romanos denominavam o Mar Mediterrâneo, é de novo sulcado por árabes ou muçulmanos,protagonizando a rutura da zona e,ao mesmo tempo,levando a efeito a profecia de Kadhafi, antes de entregar a alma a Allah, de que a invasão da Europa já se iniciara.

Nos barcos de ocasião em direção à Itália e à Grécia de milhares de africanos e árabes são,na realidade ,uma magna preocupação,porque se tratam de seres humanos,desaparecidos aos milhares nas profundezas daquele inferno maritimo.

Não se pode ser indiferente à miséria,mas acusar o Ocidente de todas as malfeitorias,como o fez o Dr.Fernando Nobre da AMI, na SIC Notícias, só pode ser de má fé e com a ideologia de esquerda que o caracteriza,apesar de ter nascido em África e conhecer o continente negro e os diversos regimes.

Torna-se  necessário alguma cautela na triagem dos que se salvaram,porque há conhecimento de que muçulmanos lançaram à água passageiros cristãos, fazendo lembrar as recentes punições a cristãos etíopes por parte dos terroristas do Daech.

Sendo uma questão humana, o problema tem contornos políticos e económicos.

O que fazer desta população a chegar aos magotes à Ilha de Lampedusa e Sicília bem como às ilhas do Mar Egeu na Grécia??

A Europa pode precisar de emigrantes, mas o terrorismo internacional usa todas as manobras para continuar a acusar o Ocidente de Demónio.

É preciso parar esta “invasão” na origem.

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