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Mais Europa?

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O melhor que federalistas conseguem dizer, num chavão feito de quase nada – porque nem sequer densificam o conceito – a propósito da atual crise do projeto europeu, é “mais Europa”. Basicamente, não aprendem com os próprios erros e dão como solução para os problemas mais do que lhes deu causa. Convencem-se que o Brexit reflete uma espécie de exotismo na personalidade dos britânicos, que a ascensão dos partidos de extrema-esquerda e extrema-direita com vocação totalitária acontece por ignorância dos eleitores, que a fragilidade nas respostas à crise de refugiados e fluxos migratórios resulta do egoísmo básico de estados e que as crises financeiras são só consequências da irresponsabilidade de alguns países. Puros erros, que na verdade denunciam um certo défice de lideranças europeias.

A riqueza do nosso projeto comum reside no princípio da subsidiariedade que os tratados consagram, com respeito pelas diferenças. A UE é um mosaico. Os povos europeus não estão dispostos a trocar soberania por burocracia. Nórdicos, eslavos e latinos, britânicos e germânicos são diversos, com marcas próprias forjadas por séculos de história que são, na verdade, a nossa maior vantagem. Protagonistas do centralismo europeu, esforçam-se por encontrar um grande nivelador artificial. Deveriam concentrar-se, isso sim, naqueles que são os possíveis denominadores comuns. Quem se empenhe em transformar italianos em finlandeses, portugueses em polacos, gregos em alemães, franceses em suecos, estará a cavar a previsível tumba da grande casa europeia. Os britânicos deram o primeiro dos sinais.

A propósito destes tempos difíceis, Carl Bildt escreveu: “mais Europa, menos Bruxelas”. E Helmut Kohl, pouco antes da sua morte, avisou: O que é hoje mais Europa? Hoje, menos Europa é mais Europa. Europa unida é diferente de Europa uniforme.

Alguns governantes europeus – entre os quais o primeiro-ministro António Costa – colam-se excitados à fotografia do presidente francês Emmanuel Macron, que propõe a redução do número de comissários e a criação de listas transacionais para o Parlamento Europeu. Faz-lhes sentido transformar a Comissão Europeia numa espécie de governo, que decidirá acerca do futuro de países que não terão nela um único representante. E aceitam que os candidatos dos países pequenos e médios ao Parlamento Europeu sejam decididos pelos dirigentes alemães, franceses, espanhóis e italianos, que maioritariamente controlam os partidos europeus e como é da natureza humana, pensarão a começar nos seus.

Mais Europa? Menos Portugal é que não.

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