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José Luís Carneiro: portugueses estão a abandonar a Venezuela

Os portugueses radicados em Caracas estão preocupados com a crise político-económica na Venezuela, país de que os luso-descendentes estão a sair em busca de melhores condições de vida, disse hoje o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas.

“Sinto, nos portugueses, preocupação com a vida social e política do país, com a falta de bens alimentares, de medicamentos, de eletricidade que é necessária para aquilo que são os afazeres diários e quotidianos das pessoas e das empresas”, disse José Luís Carneiro à agência Lusa.

O governante falava à Lusa à margem de uma visita ao Consulado Geral de Portugal em Caracas, no âmbito de uma deslocação de quatro dias que iniciou na terça-feira à Venezuela, onde, além da capital, contactou também com portugueses nas cidades de Maracay e Valência.

“A falta de matérias-primas mesmo para as pequenas indústrias transformadoras são preocupações que se sentem em todos os portugueses com quem tenho contactado”, frisou

Disse ainda que “há hoje muitos a procuraram sair do país, sobretudo os mais jovens com qualificações superiores, que aqui não encontram oportunidades de trabalho, de emprego e também porque as condições de remuneração do trabalho são efetivamente também muito baixas para o custo de vida”.

“Tem havido, desde 2013, um aumento continuado e sistemático da procura dos serviços consulares (…) no ano 2015 aqui no Consulado de Caracas nós realizamos mais de 73 mil atos consulares, entre os quais há uma predominância da renovação ou pedido de Cartão de Cidadão e ao mesmo tempo pedido ou renovação de passaporte, assim como a obtenção da nacionalidade portuguesa, sobretudo para luso-descendentes”, disse.

José Luís Carneiro explicou que sente “por um lado tristeza em muitos dos portugueses” com quem falou, mas ao mesmo tempo também “uma vontade de vencer as dificuldades e adversidades porque estão a passar, porque não apenas têm aqui as suas vidas estabelecidas, os seus filhos e netos, têm, aqui o seu património, ativos, empresas e naturalmente se encontram hoje ligados à Venezuela de forma muito afetiva”.

“Enquanto que os portugueses foram para muitos países do mundo, na perspetiva de um dia regressarem às suas terras de origem, os portugueses, aqui, encontraram condições de vida que permitiram a criação de raízes e de alicerces já muito estruturados e muito estabelecidos pelo que dificilmente abandonarão o país”, disse.

José Luís Carneiro salientou que o Governo português tem “esperança” que as instituições políticas venezuelanas “encontrem canais de diálogo e mantenham uma capacidade política e institucional para vencer este momento de dificuldade”.

“Estamos convencidos que isso vai acontecer e que se restabelecerão as condições de vida apropriadas para que este país continue a ser um país de oportunidades para muitos daqueles que o escolheram como seu país de vida”, concluiu.

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