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Já não são novos

É um sábado ou domingo ou um outro qualquer dia da semana, porque depois do decreto da velhice qualquer dia parece igual. Eles juntam-se ali, entre os sobreiros e o resto da vila. E mesmo quando há festa ou romaria, é ali que se sentam arrastando o bom dia, pausando o tempo na cadeira velha calejada pelas estações. Não sabem muito do mundo e o que sabem já foi tudo dito. Sabem do cheiro do inverno, das colheitas e do restolho.Sabem da terra e pouco do céu e nem sequer têm conversas sobre o firmamento que isso é discussão para padre e de teologia nada sabem.

Juntam-se ali, muitas vezes silenciosos que o silencio é pergaminho do Alentejo, entendendo-se muito bem. Às vezes a politica, o futebol. Entre alguma surdez e troca de nomes das personalidades que a televisão impinge, lá se vão entendendo.

Se um falta há preocupação, um desvio à rotina. Só o Jacinto tem telemóvel que a filha a viver para os lados de Lisboa e sempre agitada, lhe ofereceu como imposição. Aguardam a vinda do ausente, como se um ramo de uma árvore composta dos dias da reforma, estivesse a ser decepado. E se vem, num atraso que lhes parece demora de vida, logo querem saber detalhes e motivos. É que já não são novos e a falta de um parece a imagem da finitude.

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