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Homenagem a Vitorino Nemésio nos 40 anos da sua morte

O músico Luís Gil Bettencourt, natural da ilha Terceira, nos Açores, dá voz a seis poemas do conterrâneo Vitorino Nemésio, no álbum “Quadragésimo”, que assinala o aniversário da morte do escritor.

“O Vitorino Nemésio tem coisas incríveis e tem várias vertentes ‘super’ interessantes na escrita, além de ter agarrado um lado um tanto ou quanto popular da escrita, mas de certa forma também algo que dá que pensar e é trabalhado”, adiantou o músico, em declarações à Lusa.

Luís Gil Bettencourt, natural e residente na Praia da Vitória, onde também nasceu Vitorino Nemésio, musicou seis poemas publicados em diferentes obras do autor de ‘Mau Tempo no Canal’.

“A ‘Lua’ é das primeiras coisas que ele escreve, julgo que mesmo na sua fase de adolescência”, adiantou, acrescentando que há também poemas de ‘Caderno de Caligraphia’, publicado já depois da sua morte.

Já tinha composto músicas a partir de poemas de Nemésio, mas desta vez socorreu-se de um violão do escritor, cedido pela família à Câmara Municipal da Praia da Vitória e que pode ser visto na Casa Vitorino Nemésio.

O CD, editado pelo município, é lançado em 11 de novembro, no festival literário Outono Vivo, na Praia da Vitória, mas o músico espera que seja também promovido fora da ilha Terceira.

Para Luís Gil Bettencourt, o trabalho discográfico é uma “achega” na divulgação da obra de um escritor que todos conhecem na ilha, mas poucos já leram.

“Há um trabalho a ser desenvolvido muito grande em relação ao trabalho de Vitorino Nemésio, mas geralmente a situação é sempre a mesma: ‘santos de casa não fazem milagres’ ou neste caso não escrevem”, salientou.

Autor de cerca de 40 títulos de ficção, poesia, ensaio e crítica, Nemésio recebeu o Prémio Nacional de Literatura em 1965 e o Prémio Montaigne em 1974, mas a maioria dos portugueses associa-o sobretudo ao programa de televisão ‘Se bem me lembro’.

Deixou os Açores aos 18 anos, quando ingressou no serviço militar. Frequentou a Universidade de Coimbra e a Universidade de Lisboa, onde começou a dar aulas e fez o doutoramento, tendo lecionado também na Bélgica e no Brasil.

Segundo Luís Gil Bettencourt, apesar distância física, o escritor nunca esqueceu a terra que o viu nascer e isso é notório nas “mil e uma referências” à Praia da Vitória na sua obra.

“O facto de ser de cá e na sua poesia falar da Praia também, em elementos bastante interessantes, como o caso da ‘Décima da Música da Praia’, as referências que ele tem da nossa Praia, do nosso concelho e da nossa ilha em toda a sua escrita… Não vejo o que é que ele poderia ter feito mais por nós”, frisou.

O compositor considera que os poemas de Nemésio são “uma aprendizagem para quem gosta de escrever e de ler” e garante que foi um privilégio musicar uma pequena parte da obra do escritor.

“É mais que um privilégio uma pessoa ter a possibilidade de ter acesso à poesia dele”, assegurou.

No ano em que se assinala o 40.º aniversário da morte de Vitorino Nemésio, a editora Companhia das Ilhas anunciou também que publicará a obra completa do escritor, em parceria com a Imprensa Nacional-Casa da Moeda.

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