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HISTÓRIA das PALAVRAS com HISTÓRIA

A língua é o veículo de comunicação por excelência – embora também possamos comunicar por muitas outras formas, nomeadamente através da música e das artes plásticas; aliás as primeiras formas de escrita foram pictográficas. O estudo da nossa língua materna é fascinante, e pena é que os professores, em muitos casos, não sejam capazes de fazer passar a mensagem, pelo que, normalmente, os jovens encaram a aprendizagem da língua materna quase como um castigo.

A língua é a alma de um povo e uma forma de expressão do pensamento que tem a frase como veículo. As frases são compostas por palavras. É sobre estas que vos quero falar. Cada palavra encerra uma história, muitas vezes ligada à própria História, e o conhecimento dessas histórias poderia despertar mais interesse na aprendizagem da nossa língua materna e, ao mesmo tempo, contribuir para que a falássemos melhor.

Por isso é que me propus escrever esta História das Palavras… para vos falar das Palavras com História.

E como sou “alfacinha”, achei que seria apropriado começar pela história desta palavra, usada como alcunha dos habitantes da região de Lisboa e arredores. A sua origem data, pelo menos, de meados do século XIX, pois a primeira referência de que existe rasto escrito surge no livro “Viagens na Minha Terra” de Almeida Garret: “Pois ficareis alfacinhas para sempre, cuidando que todas as praças deste mundo são como a do Terreiro do Paço…” Nesta época, ainda existiam muitas quintas e hortas na região periférica de Lisboa, e os habitantes dessas zonas costumavam vender nos mercados da capital caixotes cheios de legumes frescos – sobretudo alfaces – que produziam nas suas quintas e hortas, pelo que na gíria do povo passaram a ser alcunhados de alfacinhas. A alcunha ficou para a História, embora já não existam (infelizmente) quintas nem hortas nos arredores da cidade de Lisboa – as mesmas foram substituídas por caixotes de betão onde vivem como sardinhas em lata mulheres, homens e crianças. Quanto às alfaces e outras verduras, quem as quiser comprar, dirige-se ao supermercado mais próximo, aonde elas afluem diariamente, provenientes sobretudo das estufas dos países do norte da Europa… Em Portugal, apesar do país ser dos mais propícios à agricultura é mais agradável ir para a praia… E quem percorre o país de norte a sul fica espantado ao ver as árvores, especialmente laranjeiras e limoeiros, cheias de fruta que apodrece sem que a venham colher… Mas, esta é uma outra história que, embora contada com palavras, não tem a ver com a história das palavras.

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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