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Hino à minha mamã

Nasci no dia de aniversário da minha mãe.
Eu e ela somos diferentes mas tenho algumas qualidades e alguns defeitos dela.
E certos defeitos são bem difíceis eu os admitir pois são-me insuportáveis.
O dia da Mulher aproxima-se e chegou o momento de eu prestar uma pequena homenagem à minha mãe,
a essa Mulher que eu ainda chamo de mamã.

Durante quase a minha vida, eu apenas a critiquei. Mas hoje sei, sei que foi apenas um estar em desacordo com ela.
Ninguém conhece melhor a minha mãe do que eu. É isso que eu sinto, hoje, agora neste meu presente.

A minha mãe é controladora, ela quer poder tudo controlar quando todos sabemos isso ser impossível.
Esse traço dela eu também o possuo mas a um nível menos elevado. Penso que isso seja apenas uma forma de proteção de nós mesmos.

Lembro-me dela cansada do trabalho a tentar meter ordem na casa que devia estar sempre super limpa e muito arrumada,
era uma obsessão que se acalmou com os anos mas que ainda o é.

A minha mãe é direta, ela é direta demais.
Ele não possui nenhum tacto ao dizer o que pensa. Ela diz e pronto.
A palavra diplomacia não existe no vocabulário dela.
Sendo assim sem tacto, ela pode magoar muito facilmente, o que horas depois a vai fazer refletir e a fazer sofrer a ela mesma, nesse interior frágil que é o dela.

E muitos conhecem apenas essa mulher revoltada que diz o que pensa como lhe dá na gana e a julgam por isso.

Mas a história dela, a história de uma educação severa, poucos a sabem ou nem querem saber.
É a história da descoberta do ser mulher e do ser mãe, mas essa ninguém a sabe.
A minha mãe casou aos 15 sem a aprovação do pai dela e sem presença do pai nem da mãe.
Aos 19 anos, ela teve o seu primeiro bebé com problemas de saúde.
Dois anos depois veio o segundo bebé que morreu meses depois.
E não querendo mais ter filhos, eis que nasce dois anos depois o seu terceiro bebé.
Ela foi propulsada para uma vida que ela imaginava de outra maneira…

Por essa motivo, o de tudo andar a um ritmo bem acelerado, ela tornou-se nessa pessoa dura mas com um profundo sofrimento nunca exprimido por completo e ela vive apenas pensando nas filhas.

Lembro-me que foi ela que me deu o pontapé no rabo quando eu perdida no não saber e no sofrimento, eu quis desistir da faculdade, mas ela, ela que apenas tem a quarta classe, ela insistiu comigo para eu não desistir.
Ela explicou-me que iria ser importante para mim eu ser uma mulher de estudos e que quanto mais estudos tivesse
mais fácil seria a vida para mim. Ela soube falar-me no bom momento.
Ela que podia ter pertencido a esse mundo de mulheres privilegiadas que iam
estudar nos anos 60/70, ela simplesmente não o quis.

Sempre ouvi a frase dela : « A mulher não precisa de um homem! »
Acho que durante muito tempo não entendi aquelas palavras dela.

Mas hoje sei, sei que nessa frase mal formulada, ela exprimia o quanto é importante de a mulher ser independente, o de ser independente neste Mundo de homens.

Amo-te minha mamã, tu que me ajudaste e sofreste comigo a cada etapa da minha vida menos fácil, tu que acreditaste e acreditas em mim.
Mesmo que não sejas daquelas mães que elogiam os filhos e que qualificam os filhos de perfeitos.

Obrigada a ti mamã!

BV 06.03.2018

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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