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Há patrões a abusarem dos portugueses na Suíça, diz conselheiro

Em entrevista ao site SwissInfo, o conselheiro das comunidades português na Suíça e sindicalista José Sebastião (na foto) explica que os portugueses da nova vaga de emigração que a crise económica fez sair do país chegam à Suíça desconhecedores da realidade, da legislação e do mercado de trabalho e caem nas mãos de gente desonesta. “Há casos de exploração de portugueses por outros portugueses”, avisa o delegado sindical.

Um dos casos recentes foi o de uma empresa de construção que pertencia a um português e trazia operários de Portugal. Foram instalados numa moradia que a empresa alugava em França, três ou quatro em cada quarto e cada um deles pagava 700 euros de aluguer. “O patrão desonesto pagava-lhes sete ou oito horas por dia quando eles trabalhavam nove ou dez, nunca lhes entregaram nenhum recibo de vencimento”, conta José Sebastião.

A situação arrastou-se até que os trabalhadores descobriram, em conversa com colegas que estão na Suíça há mais tempo, que estavam a ganhar menos de metade do que lhe seria devido. “Foi então que vieram ao sindicato informar-se”, continua, acrescentando que os casos como este se repetem,” com os patrões a pagar salários inferiores aos trabalhadores e a roubá-los nos alugueres, tirando proveito do desconhecimento dessas pessoas”.

Há empregadores que não respeitam as convenções coletivas e não pagam os salários devidos – na hotelaria e turismo, hotéis e restaurantes, e também na construção civil, onde há trabalhadores que “são chamados de Portugal para trabalhar em empresas de portugueses que depois lhes pagam um terço do salário que lhes é devido, sem descontar para a segurança social e sem pagar impostos.

“Recentemente, o sindicato denunciou o caso de dois portugueses que estavam a trabalhar dez horas por dia e recebiam por cinco horas de trabalho. Quando são levados a tribunal pelo sindicato, os patrões portugueses declaram falência das empresas e os encargos sociais ficam por pagar. Os empregados, quando reclamam, são postos na rua e como não têm direito ao subsídio de desemprego ficam em condições deploráveis.

A Suíça tem o segundo lugar na tabela da emigração portuguesa e como fonte de remessas dos emigrantes. Há muitos portugueses que chegam à Suíça desesperados e não conseguem encontrar trabalho, que não sabem que o país tem também problemas actualmente, e que se tornam casos sociais muito problemáticos. “Vemos diariamente aqui no sindicato gente que vem informar-se e procurar apoio”, explica José Sebastião.

A emigração portuguesa que antes vinha para terras helvéticas era pouco culta, não tinha formação académica. Esta nova vaga migratória traz gente com melhor nível de formação, mas infelizmente nem todos conseguem um emprego à altura das capacidades que têm quando chegam aqui: “Conheço um engenheiro ambiental que trabalhava a apanhar alfaces e havia jovens formados em direito a lavar pratos em hotéis”.

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