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Há 30 anos Porto conquistava título Intercontinental em Tóquio

Fernando Gomes, uma das figuras da equipa do FC Porto que, em 1987, venceu a Taça Intercontinental de futebol, garantiu que o feito só foi possível pela “coragem e união” que o grupo demonstrou nesse jogo frente aos uruguaios do Peñarol.

O ex-avançado apontou nesse desafio o primeiro golo da vitória dos ‘dragões’, por 2-1, que acabou por embalar a equipa para um título então inédito na história do clube e que, para Gomes, teve um sabor “muito especial”.

“Uma semana antes da final de Taça dos Campeões Europeus, em Viena, lesionei-me, com gravidade, e não pude participar nesse jogo. Mas lembro-me que, nesse momento, disse para mim mesmo que ia estar presente para levantar a Taça Intercontinental em Tóquio”, começou por recuperar à Lusa, o antigo atacante.

O então capitão de equipa dos ‘azuis e brancos’ confessou que essa convicção serviu para o confortar pela ausência dessa final, frente ao Bayern de Munique, mas, sobretudo, para “mostrar aos companheiros de equipa a confiança que iam ganhar em Viena e, depois, disputariam a Taça Intercontinental”.

“Merecemos o que aconteceu. Na altura, fomos a primeira equipa portuguesa a vencer aquele título intercontinental. Lembro-me que o Benfica, anos antes, o tinha disputado, por duas vezes, mas nunca conseguiu vencer. De certa forma acabamos por vingar essa derrota do Benfica”, disse, a sorrir.

Apesar da final de Tóquio se ter realizado há 30 anos, as memórias de Fernando Gomes sobre o jogo não estão turvas, sobretudo por este se ter realizado debaixo de um forte nevão, que deixou o relvado impróprio para a prática do futebol.

“Foi um dia com condições atípicas, em que foi preciso uma grande coragem e união, para ultrapassar não só a adversa situação do tempo, mas, também, as dificuldades criadas por um adversário de qualidade”, recuperou o ‘bibota’ de ouro.

“As imagens que me saltam à memória são a neve, a lama, e aquele esforço que fizemos, que só foi possível pela amizade que tínhamos no grupo e que ficou para sempre”, acrescentou.
Gomes lembra que o jogo até esteve para não se realizar, devido às condições climatéricas, mas que foi o próprio presidente do FC Porto, Pinto da Costa, a insistir que a final acontecesse nesse dia 13 dezembro, e que os jogadores seguiram a convicção do dirigente.

“O nosso presidente conhecia os jogadores e a equipa, e tinha a convicção que aquele era o dia para vencer. Depois de muita discussão conseguiu, junto dos responsáveis da FIFA, que a partida se realizasse e nós só tivemos de o seguir com vontade de vencer”, apontou.
Mas para materializar essa vontade, o ex-avançado lembra que houve um trabalho tático e estratégico delineado pelo técnico Tomislav Ivic, que a equipa, apesar das dificuldades, conseguiu cumprir.

“Indicou-nos que déssemos a iniciativa ao adversário, porque os sul-americanos gostam de ter bola, e apesar do jogo não estar para isso, foi uma boa opção. Recuámos, esperámos pelo adversário e respondemos em contra-ataques rápidos. Foi assim que marcámos os golos”, partilhou Gomes.

O então capitão de equipa do FC Porto recorda que quando marcou o golo, ainda na primeira parte, pensou que “ia ser suficiente, pelas condições do terreno”, mas vincou que “no futebol não há lógicas, e depois do empate conseguido pelo Peñarol, foi preciso muito sofrimento para ir ao prolongamento onde o golo do Madjer decidiu”.

Com esse tento, o avançado argelino conquistou o título de melhor em campo, que tinha como prémio um carro. Mas, lembra Gomes, Madjer já sabia que não iria ficar com o veículo.
“Um dia antes, a equipa reuniu para decidir como seria se um de nós fosse considerado o melhor jogador. Concluímos que íamos vender o carro e que o prémio seria, assim, para dividir. O Madjer já sabia que o título era dele, mas que o carro era de todos nós [risos]. Veio para o clube, e agora até está no museu, como uma prova da união daquela equipa”, partilhou.

Questionado se revê, na atual equipa do FC Porto, liderada por Sérgio Conceição, algum do espírito desse grupo de 1987, Fernando Gomes deslumbra semelhanças.

“É difícil comprar equipas, jogadores e treinadores com 30 anos de distância, mas vejo neste grupo liderado pelo Sérgio a força, coragem, e união do nosso tempo. Os resultados enchem-nos de esperança que possamos voltar a festejar títulos”, confessou.

Fernando Gomes ainda fala “com vaidade” de ter participado nessa carreira da equipa em 1987 “que venceu tudo a nível internacional: Taça dos Campeões, Taça Intercontinental e Supertaça europeia”.

“Afirmação internacional foi em Viena, mas em Tóquio foi a confirmação de todo o potencial do FC Porto. Felizmente, vencemos mais tarde, em 2004, de novo, a Liga dos Campeões e Taça Intercontinental, troféu que, em Portugal, só FC Porto venceu por duas vezes”, concluiu o agora diretor dos ‘dragões’.

Para celebrar a data, a jornal desportivo “A Bola” apresentava a seguinte capa esta quarta-feira.

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