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Festival Paredes de Coura não é só música

Ao longo de 26 anos do Festival Paredes de Coura aprimorou-se o cartaz, “aumentou e refinou-se” a oferta gastronómica, contudo, os mais poupados “continuam fieis” aos enlatados, embora haja novos sabores, aromas e “cozinha de autor” disponíveis no recinto.

Quem vai à Praia Fluvial do Tabuão, nas margens do rio Coura, onde decorre até domingo a edição de 2018 do Paredes de Coura, vai para encher a alma de música, mas aquilo que se oferece ao estômago é uma das maiores preocupações do público.

A oferta, garantem os comensais, “é muita, até com alguma variedade, mas para o careiro”.

“Quem estuda e vem para aqui com os euros contadinhos não pode estar a pagar seis euros por uma sandes de presunto com queijo só porque o queijo é da serra, o pão tem um nome finório e o guardanapo é de folha dupla”, descreveu José Castro, 19 anos, estudante de Gestão e “já da casa” no que toca a presenças no Paredes de Coura: conta com oito.

José, o grupo de amigos “e uns infiltrados” estão acampados nas margens do Coura desde quarta-feira: “Somos poupadinhos e continuamos fieis aos enlatados. Não há Coura sem o atum enlatado, as salsichas, as conservas quando nos dá a loucura e o feijão”, apontou a “organizadora gastronómica” do grupo, Mónica Alves, de 22 anos.

No condomínio de tendas ao lado, um outro grupo, uma filosofia um pouco diferente: “Já somos trintões, resolvemos vir na mesma acampar, mas só porque já não arranjamos alojamento para tantos (o grupo é de cerca de 20 pessoas)”, explicou Rogério Pintainho.

Se este segundo grupo abdicou, “a muito custo, do colchão e do quarto de banho privado”, nas opções gastronómicas são “completamente inflexíveis”: “Enlatados e esparguete não. Fora de questão, foi compromisso geral”.

Latas à parte, a opção passa por comer pela vila ao almoço e pelo recinto ao jantar.

“Alguns de nós vêm cá desde os 15 anos. Já vimos de tudo e se o cartaz também se aprimorou a oferta da comezaina também, aumentou e refinou-se”, considerou Paulo Fernandes, do grupo dos trintões.

A “lógica da rulote” é a mesma.

“O que mudou foi a apresentação, agora são carrinhos todos lindinhos, ‘pão de forma’ reformadas, ou barraquinhas de arquiteto. Lá dentro dá para ver que há mais higiene, a comida tem nomes mais finos e elaborados, cozinha de autor ou lá como se diz, mas com isso veio o preço mais caro”, lamentou Paulo, de hambúrguer na mão.”Gula”, chamava-se o petisco.

Na zona da restauração, a rodear as mesas e bancos de madeira a oferta é muita: há bolinhos, sandes “especiais”, hambúrgueres a aludir aos sete pecados mortais, crepes doces e salgados, empadas, almôndegas em pão d’avó, opção carnívora e vegetariana, ‘wraps’, batatas fritas acompanhadas com vários tipos de molhos “ao alho”, picante ou com especiarias.

“É tudo muito bonito, mas falta a bela da rulote rançosa com os cachorros de salsichas gigantes, a maionese ao sol, o ‘ketchup’ e a mostarda em tetinas, a batata palha a espalhar-se pelo chão e a cebola frita, ai a cebola”, lamentou Rogério.

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