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Feira do Livro de Madrid recebe Portugal como “sinal de reconhecimento”

A participação de Portugal como país convidado na Feira do Livro de Madrid é “sinal do reconhecimento” pelo trabalho cultural da Embaixada em Madrid, custará 170 mil euros e terá retorno económico e cultural para o país, revelou o embaixador.

Em mais de 80 anos de existência da Feira do Livro de Madrid (FLM), esta é a primeira vez que Portugal é país convidado, “fruto do trabalho anteriormente realizado” pela ação cultural da Embaixada portuguesa na capital espanhola, cujo lema tem sido “semear para colher”, disse à agência Lusa o embaixador de Portugal em Madrid, Francisco Ribeiro de Menezes, em vésperas da abertura de uma das maiores feiras do livro da Europa.

“Importa referir que Portugal foi escolhido para país convidado, entre outras hipóteses consistentes que o Grémio de Livreiros de Madrid, entidade organizadora da FLM, tinha em mãos – disse-o publicamente o Diretor da FLM, Manuel Gil -, como sinal do reconhecimento pelo trabalho cultural realizado pela Embaixada em Madrid nestes dois últimos anos”, disse.

A organização da participação portuguesa na Feira – que se insere na “Ação Cultural Externa” dos Ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Cultura -, cabe precisamente à embaixada portuguesa, que conta, desde janeiro, com a colaboração da Livraria Ler Devagar, para levar a Madrid um grupo de autores representativo dos vários géneros literários, da poesia ao romance, passando pelo ensaio e pela literatura infantil.

“Não podendo, por razões orçamentais, convidar para vir a Madrid todos os que gostaríamos, o critério básico foi o de convidar os autores mais traduzidos para o castelhano e, de entre estes, os com traduções mais recentes”, afirmou o embaixador.

O orçamento da participação portuguesa na feira rondará os 170 mil euros, para os 17 dias de programação, o que Francisco Ribeiro Menezes considera ser “um montante razoável”.

Entre os financiadores públicos, contam-se o Instituto Camões, o Fundo de Fomento Cultural, o Turismo de Portugal, a AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal) e a Câmara Municipal de Lisboa, enquanto entre os financiadores privados, a embaixada destaca a Fundación EDP, não só pela dimensão do apoio, mas por ter sido apostado “desde a primeira hora no projeto”.

A programação de Portugal para a FLM dá um particular destaque a autores “consagrados e universais”, como Luís de Camões, Fernando Pessoa, Eça de Queirós, Sophia de Mello Breyner Andresen e José Saramago, mas também a Raul Brandão, Camilo Castelo Branco, Almeida Garret, Almada Negreiros, Miguel Torga e Herberto Helder.

Além destes nomes, muitos outros figuram na lista dos criadores culturais lusófonos presentes ou sobre os quais se realizarão eventos na Feira do Livro de Madrid, desde logo Eduardo Lourenço, que fará a conferência inaugural.

Outros nomes do panorama artístico de língua portuguesa em destaque na feira são Afonso Cruz, João de Melo, António Lobo Antunes, Rui Cardoso Martins, Pedro Mexia, Capicua, Ana Luísa Amaral, Maria do Rosário Pedreira, Maria Gabriela Llansol, Valter Hugo Mãe, Ondjaki, Gonçalo M. Tavares, Lula Pena, B Fachada, Ruy Belo, Norberto Lobo, Ana Pessoa e Joana Estrela.

O embaixador acredita que, além de reforçar as relações entre os dois Estados e trazer uma maior visibilidade ao país, a participação de Portugal na Feira do Livro madrilena terá um retorno económico e cultural significativo.

Recordando que, no ano passado, a FLM teve 2,4 milhões de visitantes, o que dá uma dimensão aproximada da quantidade de pessoas que circularão pela Feira durante os seus 17 dias de atividade, Francisco Ribeiro Menezes considera que as letras e restantes áreas culturais representadas na programação portuguesa sairão da Feira “com o seu prestígio e reconhecimento reforçados”.

A dimensão do retorno cultural “é manifesta e de enorme valor, ainda que de difícil quantificação”, o retorno económico vai refletir-se principalmente em duas áreas: a dos editores e livreiros e a do turismo.

Para editores, livreiros e autores, trata-se “duma excelente oportunidade de ter visibilidade e estabelecer contactos, num mercado editorial de grande dimensão”.

No âmbito do turismo, Francisco Ribeiro Menezes acredita numa “grande quantidade de público visitante que, após o contacto com as múltiplas e diversificadas atividades portuguesas programadas para a Feira, ficará com uma vontade acrescida de visitar o País”.

Ainda sobre esta matéria, o embaixador destaca que sempre privilegiou em Espanha a promoção de Portugal como destino turístico e que não irá desperdiçar esta oportunidade de reforçar uma tendência já crescente de turismo espanhol em Portugal.

“Queremos atrair os visitantes da Feira para esta realidade, e vamos mostrar-lhes, através do livro e de várias iniciativas conexas, o que Portugal possui em termos paisagísticos, museológicos, gastronómicos, vinícolas, monumentais”.

A Feira do Livro de Madrid abre na sexta-feira, dia 26 de maio, e vai estender-se até dia 11 de junho.

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