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Fangueiro quer apostar na formação dos jovens no Luxemburgo

Durante anos foi o terror dos defesas. Rompia pelas alas e destacava-se pela sua velocidade. Não só assistia como ainda fazia golos. Depois de uma carreira recheada de bons momentos decidiu emigrar. Em cima da mesa estavam duas opções: Angola ou Luxemburgo. Optou pelo segundo país por uma questão de «maior segurança», revelou Carlos Fangueiro ao jornal A Bola.

Depois de passagens por clubes como Vitória de Guimarães, União de Leiria, Gil Vicente, Beira-Mar e aventuras no estrangeiro, decidiu pendurar as chuteiras e fez-se à vida. Em Portugal tirou a carta de condução de pesados e emigrou para ser camionista. A longa ligação ao futebol ficou, por momentos, congelada. Mas só mesmo por momentos. Antes disso arregaçou as mangas e deu uma nega à ilusão. O futebol passou a secundário, mas ao fundo do túnel havia a esperança de voltar «ao sonho de menino». A 30 de janeiro de 2013 deu um abanão à vida e conheceu muitos caminhos à boleia de um camião. Entretanto, passou para responsável de armazém onde ainda se mantém. A convite de um amigo integrou o FC Atert Bissen. Começou como jogador onde espalhou classe e deu conselhos aos mais inexperientes. Volvidos uns meses decidiu abraçar a carreira de treinador.

Já lá vão duas épocas que o FC Bissen é liderado por Fangueiro e já conta com duas presenças em finais da Taça e três terceiros lugares no campeonato. Num futebol semi-profissional não se pode pedir muito mais. A vida do treinador e dos jogadores tem outras prioridades. Durante o dia cada um vai para o seu emprego e à noite enfrentam o frio e jogam à bola. Fangueiro encarna um papel que está adorar desempenhar: o de treinador. A par disso o mais difícil já está conseguido. «A minha família já está perfeitamente adaptada à nova realidade», adianta.

Como no Luxemburgo a profissionalização é algo que não assiste ao futebol, a qualidade é «claramente inferior» à praticada nos relvados portugueses. Ainda assim, o técnico descobre, entre muitos nomes, um ou outro que podia singrar entre os profissionais. Mas na região todos dão preferência ao trabalho. Tanto é que na preparação da semana de treinos, Fangueiro nunca tem a certeza com quantos jogadores poderá contar. Talvez por isso, há sempre um plano B na manga «para fintar as adversidades». «As estratégias têm de ser readaptadas face às circunstâncias. Aqui ninguém é profissional. Damos todos o máximo e a cobrança faz parte do nosso trabalho, mas a prioridade são os nosso empregos», conta.

Desde que pegou na equipa já impôs um modelo moderno. «Há aspetos que tentámos melhorar e, de facto, conseguimos. Uma das vertentes que temos de trabalhar é a qualidade de jogo. Aos poucos estamos a obter resultados», sublinha.

No seu novo país vê um futebol «agressivo e direto». Ainda assim, há uma margem de evolução enorme num trabalho iniciado pelo nortenho e que está longe de estar finalizado. Por falar em mérito, o trabalho do ex-jogador está de tal forma a dar nas vistas que já recebeu propostas de emblemas com outras condições, mas a gratidão por quem o ajudou e deu uma oportunidade fê-lo recusar. «Neste clube encontrei pessoas muito boas e a oportunidade de conjugar dois trabalhos. Aceitar algum convite implicaria mudar algo na minha vida. Para já fico como estou…depois logo se vê», atirou.

Pouco tempo depois de ter chegado a Luxemburgo e ter observado o seu futebol, o técnico encontrou o calcanhar de aquiles. «Aqui o problema está na base, ou seja, na formação. As camadas jovens são mal trabalhadas e, por isso, tenciono criar um projeto meu trabalhando a formação. Quero dar ênfase a essa vertente. A formação será a minha batalha», antevê.

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