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Família de casal português assassinado questiona autoridades angolanas

A família do casal português que foi assassinado em Angola há cerca de um ano disse hoje que considera estranho o facto de as autoridades angolanas não apresentarem progressos no caso, nomeadamente novos suspeitos ou detenções.

“É um bocado complicado uma pessoa falar sobre este assunto porque é muito estranho, passado um ano, não ter havido detenções, não se ter falado mais em nada, não se terem apresentado mais suspeitos”, disse à Lusa Manuel Silva, irmão do português assassinado, Fernando Silva.

O crime aconteceu a 26 de abril de 2016, quando o casal – Fernando dos Santos da Silva e Alzira da Conceição Mil-Homens da Silva – seguia na sua viatura, na estrada Luanda-Viana, com o filho, tendo sido surpreendidos por homens encapuzados que atiraram contra eles.

O filho saiu ileso, o pai, um comerciante português de 59 anos, morreu no local e a mãe, uma luso-angolana de 62 anos, acabou por falecer numa unidade hospitalar da cidade, onde foi socorrida.

O casal já residia em Angola há muitos anos.

Uma versão apontada por órgãos locais, na altura do crime, passa pelo envolvimento no crime de ex-trabalhadores do casal e a polícia angolana admitiu tratar-se de um ajuste de contas. O Serviço de Investigação Criminal (SIC) da polícia angolana chegou a identificar, em junho de 2016, três suspeitos do homicídio de um casal português, mas nenhum foi detido.

“É tudo muito estranho, pois eu sempre vivi em Angola e em todos os casos que têm vindo a acontecer ao longo dos tempos no país, regra geral, sempre têm aparecido os culpados. Passados um, dois, três meses aparecem os culpados”, referiu Manuel Silva.

O irmão referiu que só foi chamado para prestar declarações na polícia cerca de três meses após o assassínio, o que numa investigação normal teria acontecido mais cedo, considerou.

Depois de uma certa altura, Manuel Silva deixou de ir à polícia, mas referiu que “as autoridades têm a obrigação de informar (os familiares) da evolução das investigações sobre o caso”.

“Dá a impressão que alguma coisa anda a tapar, a fazer uma força no sentido de não suceder nada”, sublinhou.

Na altura dos crimes, o Governo português indicou que estava a prestar apoio consular à família e a acompanhar as diligências das autoridades angolanas no caso.

Manuel Silva disse que contactou o consulado português em Luanda dois ou três meses após os crimes.

“Não disseram mais nada até hoje, não houve mais qualquer informação sobre o assunto”, declarou.

Contactado hoje pela agência Lusa, o gabinete do secretário de Estado das Comunidades disse que está ainda a recolher informações sobre o caso, que divulgará assim que possível.

Os dois filhos do casal, nomeadamente o rapaz que estava com os pais durante o ataque, estão a viver em Portugal.

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