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Enquanto se bebe água fartamente noutros locais

Há muitas formas de matar em cenário de guerra e uma delas não precisa de armamento pesado ou ligeiro, armas brancas ou sofisticadas.

Para lá de todos os recursos letais inventados e postos à disposição no cenário bélico, mata-se ainda de fome, de sede e até de coação psicológica. Sobram provas de que todos esses recursos estão a ser usados contra os povos da Síria, já sem qualquer motivação ou argumento ideológico a não ser a crueldade dos interesses que movem os promotores da guerra.

Neste mesmo instante, mais de um milhão de pessoas, para além de outras terríveis limitações, está sem acesso a água o que equivale a morte certa. A fonte da notícia é um alerta das Nações Unidas – o que torna credível a afirmação.

Em Aleppo

As notícias, mais ou menos exatas, já que também na zona o efeito da propaganda se faz sentir e chega à opinião publicada sob a triagem daqueles que querem provocar efeitos contrários na opinião pública, registam ainda centenas de mortos, a um ritmo diário crescente – e a confirmação da utilização de bombas de fragmentação:cluster bombs ou cluster munitions, artefactos explosivos que, quando acionados, libertam uma certa quantidade de projéteis ou fragmentos menores, com a finalidade de causar grande número de vítimas.

O mais terrível de tudo isto é que falamos apenas de Aleppo. Recorde-se que a ofensiva contra a cidade começou em Julho de 2012, o que significa quatro anos e dois meses de horror.

As zonas bem delimitadas da cidade eram então controladas por quatro fações: o exército sírio, a oposição, a fação curda e a do alegado estado islâmico. A intervenção da força aérea russa veio agudizar a destruição. E os intensos ataques rebeldes para romper o cerco fizeram outro tanto ao nível dos confrontos.

Se tivermos em atenção que, no terreno, combate o exército livre turco, a frente islâmica, mercenários árabes e internacionais, o exército dos turcomanos sírios, a frente Al-Nusra, o alegado estado islâmico, as brigadas Baaz e da FDN, a Brigada al-Quds, o Hezbolá, membros da tribo Al-Berri e os alepinos cristãos, o PYD e as Forças Democráricas Sírias, o PKK, o exército Russo e o Iraniano, a lista de beligerantes parece não ter fim.

Tendência para “piorar”

De acordo com os observadores, as coisas , no entanto, “tendem a piorar”. A declaração do embaixador sírio nas Nações Unidas, Bashar Jaafari, avisando que em Outubro não haverá negociações, parece indiciar que está encontrada a prioridade do regime sírio. Do anunciado cessar-fogo, há dias, apenas resultou o redobrar das ofensivas do governo de Damasco.

Rússia e Estados Unidos trocam entretanto acusações. E a diplomacia encolhe os ombros. Ao mesmo tempo, o verdadeiro objectivo nem é Alepo, mas Mossul, no Iraque– e reconquistá-lo ao Estado Islâmico é a meta de todos.

A comunidade internacional, perante isto, cala-se. E ao calar-se torna-se cúmplice de mais uma das tragédias da história. E tantas são, infelizmente.

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