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Emigrantes agradecem apoio de Lisboa mas querem lutar pela Venezuela

O diretor da Missão Católica Portuguesa de Caracas, o padre Alexandre Mendonça, considera que a comunidade está sensibilizada pelas declarações de apoio de Portugal, mas a sua prioridade é ajudar a melhorar a Venezuela.

“A pior desgraça da Venezuela, neste momento, é que estamos destruindo, não estamos construindo e até que não se reencontrem todos como um só povo haverá realmente situações muito difíceis”, disse à Agência Lusa.

Segundo o cónego, a comunidade portuguesa local está a passar pelas mesmas dificuldades que o resto da população no que diz respeito à insegurança, falta de bens e violência.

“Nós não vivemos à parte, estamos inseridos na vida social do país, portanto sofremos as mesmas consequências que sofre qualquer outra comunidade, até o próprio povo venezuelano”, disse o sacerdote.

A situação polarizada, com discursos extremados entre os apoiantes do governo e a oposição, tem aumentado o caos no país, admitiu o diretor da Missão Católica Portuguesa.

“Há o perigo que esse tipo de sentimento continue desenvolvendo-se durante muito tempo na Venezuela. Tristemente, isso está acontecendo [na Venezuela] porque todos os extremos são maus”, disse o sacerdote.

Recentemente o governo português anunciou um plano para retirar os portugueses do país, caso a situação política e social se agrave.

Esta decisão sensibilizou muitos portugueses na Venezuela, admitiu o sacerdote. “Perante uma situação de grande gravidade, não deixa de ser confortável que as pessoas saibam que não estão sós, que não estão abandonados, que podem contar, no momento de uma verdadeira emergência com o apoio do Governo português. Mas o que realmente desejamos é que a Venezuela tome rumo por caminhos que devolvam a toda a nação momentos de vida, com verdadeira dignidade, porque neste momento fala-se muito mas faz-se muito pouco”, disse.

A maioria dos portugueses prefere permanecer na Venezuela, salientou o sacerdote, apesar de ter registado alguns regressos temporários a Portugal ou a saída para outros países.

“A nossa mala é a da esperança de que isto tome rumo pelo bom caminho, porque quem já tem aqui filhos, netos e até bisnetos, não há deseja ir embora. Ir a Portugal de férias, de passeio, é um momento muito lindo na nossa vida, mas para aqueles que já têm aqui tanto tempo a nossa está feita na Venezuela”, disse o sacerdote, que pede ajuda à fé católica para combater a crise social, política e económica no país.

“Tenho confiança em Deus, já tenho 50 anos neste país e tenho vivido momentos muito difíceis na Venezuela”, mas os seus cidadãos “têm sabido superar as dificuldades e saberão dar um rumo de novo pelo caminho de maior paz, mais trabalho e maior justiça para todos”, concluiu.

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